Os sindicatos de jornalistas da Europa dizem que vão lutar de forma decidida para recuperar a confiança da opinião pública no sector.
De boas intenções está o mundo dos donos dos jornalistas, e o dos donos dos donos, cheio. Mas urge lutar. Desde logo porque está em causa uma dupla sobrevivência: a dos jornalistas e a dos sindicatos.
Segundo o presidente da Federação Europeia de Jornalistas (FEJ), Arne König, a luta justitica-se em função da realidade: “uma mistura tóxica de cortes editoriais, condições de trabalho precárias e jornalismo pouco ético ter conduzido a uma espiral descendente dos média e da democracia na Europa”.
A decisão de luta, que ainda não é uma declaração de guerra, foi tomada na Assembleia-Geral da FEJ, que decorreu de 16 a 18 de Abril em Istambul, na Turquia, reunindo organizações da classe de 24 países, entre as quais o Sindicato dos Jornalistas portugueses.
Durante a reunião magna, os debates foram dedicados a assegurar o futuro do jornalismo e a contrariar o impacto da crise dos média, que levou a cortes nas redacções e ao encerramento de vários jornais, bem como à queda dos padrões de qualidade, devido “aos cortes selvagens nos custos editoriais, à redução do número de jornalistas e ao menor investimento em edição, investigação e especialização”.
Até aqui... nada de novo. O diagnóstico do sector há muito que é conhecido, bem como o estado terminal dos jornalistas, enquanto tal. Ou seja, enquanto estes estão moribundos, em coma real ou induzida, os seus substitutos – produtores de conteúdos por medida e à medida – estão com uma saúde de ferro.
Realçando a necessidade de encontrar respostas para a crise de financiamento do sector, o presidente da FEJ sublinhou, no entanto, que “não se pode comprometer a independência editorial ou a necessidade de um jornalismo credível e ético”, e apelou a maiores níveis de solidariedade no seio da classe.
Independência editorial? Jornalismo credível e ético? Onde?
Pois é. Independência editorial, pelo menos na praça pública do reino lusitano, é coisa tão rara que um dia destes só se encontrará mo Museu da Imprensa. Jornalismo credível e ético é, igualmente e por exclusão de partes, algo mirífico no reino da utopia. Se não existe independência editorial...
“A mensagem de Istambul é que a unidade é a nossa maior força e que a solidariedade é a chave para vencer as batalhas sobre a direcção futura do jornalismo e dos média”, concluiu Arne König.
A chave é essa. Falta saber se a porta tem fechadura...
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