sexta-feira, abril 16, 2010

Igreja de Angola resume à imprensa a falta de liberdade que amordaça os angolanos...

O presidente da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), D. Gabriel Mbilingi, Arcebispo do Lubango, disse hoje que Angola vive uma situação de “défice de liberdade de imprensa”.

Se a isso se juntar, entre outros, o facto de Angola ter estado em 2008 na posição 158 no “ranking” que analisa a corrupção em 180 países, e, em 2009, ter passado para a 162...

Em entrevista à rádio Ecclesia, o presidente da CEAST usou o verbo “deplorar” para se referir à sua visão sobre o “défice” de liberdade de imprensa no país, para o qual pediu que o governo tome medidas para “superar” o problema.

Se isso se juntar, entre outros, o facto de 68% (68 em cada 100) de angolanos serem gerados com fome, nascerem com fome e morrerem pouco depois com fome...

“No capítulo da comunicação social, no capítulo da liberdade de imprensa, eu acho que é um destes capítulos onde os passos dados, sinceramente, ainda não são os desejados”, apontou o prelado.

Se isso se juntar, entre outros, o facto de 45% das crianças angolanas sofrerem de má nutrição crónica, sendo que uma em cada quatro (25%) morre antes de atingir os cinco anos...

Para exemplificar a acusação, D. Mbilingi usou a “censura” imposta à comunicação social estatal para não divulgar o caso das demolições das casas de populares no mês de Março, no Lubango.

Se isso se juntar, entre outros, o facto de os activistas dos direitos humanos em Cabinda estarem presos em condições execráveis...

Queixou-se D. Mbilingi da ausência de jornais na capital da Huíla, Lubango, uma das mais importantes cidades angolanas e a segunda mais populosa do país, sublinhando que “até o Jornal de Angola (estatal) só agora se vende na cidade”.

Se isso se juntar, entre outros, o facto de a dependência sócio-económica a favores, privilégios e bens, ou seja, o cabritismo, ser o método utilizado pelo MPLA para amordaçar os angolanos...

Aproveitou ainda o presidente da CEAST para relembrar o impedimento que persiste para que a emissão da rádio Ecclesia, que pertence à igreja católica angolana, chegue às províncias. Actualmente a Ecclesia é apenas ouvida na província de Luanda apesar de a igreja manter há mais de uma década uma permanente luta para que a situação seja alterada, tendo, inclusive, apostado fortemente na vinda do Papa Bento XVI ao país, em Março de 2009, para que fosse despoletado um processo de alteração a este cenário.

Se isso se juntar, entre outros, o facto de que 80% do Produto Interno Bruto é produzido por estrangeiros; que mais de 90% da riqueza nacional privada foi subtraída do erário público e está concentrada em menos de 0,5% de uma população...

A razão para o acantonamento das emissões da emissora católica angolana em Luanda é, apontam as autoridades angolanas, a actual Lei de Imprensa, cuja revisão já ocorreu há vários anos mas ainda não foi promulgada. A rádio Ecclesia é tida como aquela que mais voz dá às populações, nos seus protestos, bem como à oposição nas suas tomadas de posição.

Se isso se juntar, entre outros, o facto de o acesso à boa educação, aos condomínios, ao capital accionista dos bancos e das seguradoras, aos grandes negócios, às licitações dos blocos petrolíferos, estar limitado a um grupo muito restrito de famílias ligadas ao regime no poder...

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