O Presidente da Assembleia Nacional angolana, António Paulo Cassoma, pediu hoje em Luanda que os Provedores de Justiça africanos analisem o contributo que podem dar na mediação dos conflitos em África e na defesa dos direitos humanos.
Ou seja, peça-se aos outros o que se não consegue fazer em casa.
O que terá Paulo Cassoma a dizer sobre o facto de, por exemplo, a colónia angolana de Cabinda ter ontem acordado com um forte aparato policial, apoiado por helicopteros, naquela que foi uma, mais uma, operação de caça ao homem?
O que terá Paulo Cassoma a dizer sobre o facto de todos aqueles que tinham uma camisola com as fotografias de Raul Tati, Francisco Luemba, Belchior Lanzo Tati, Barnabé Paca Pezo, Andre Zeferino Puati ou de Jose Benjamin Fuca serem conduzidos para as celas da DPIC-Cabinda, sob a acusação de estar ao serviço de uma propaganda hostil?
O pedido foi feito por António Paulo Cassoma na abertura da III Assembleia-geral da Associação de Ombudsman e Mediadores ou Provedores de Justiça Africanos (AOMA), que decorre em Luanda até dia 14 com a participação de cerca de 40 países.
Segundo António Paulo Cassoma, a associação tem a vantagem de promover a troca de experiências, no âmbito do direito comparado, o que constitui subsídios valiosos para a realização da justiça em África.
Pois é. Onde está, onde esteve, onde estará, Paulo Cassoma numa altura em que a lista de detenções arbitrárias, espancamentos e assassinatos continua a aumentar na colónia angolana de Cabinda?
É que, só ontem, foram detidos mias alguns activistas dos direitos humanos, casos de Bernardo Puati Tina, António Pucuta Casimiro e José Massiala.
“Em Angola, com o fim do conflito armado, estratégias de desenvolvimento económico e social, colocaram-se na ordem do dia. O seu êxito depende, em grande medida, da contínua adoção dos princípios da transparência na gestão da coisa pública e do respeito pelos direitos fundamentais dos cidadãos”, disse António Paulo Cassoma.
“Direitos fundamentais dos cidadãos”? Onde? Paulo Cassoma sabe que está a mentir, a não ser que muitos angolanos e todos os cabindas já não sejam cidadãos.
Também o Provedor de Justiça angolano, Paulo Tchipilica, veio vender banha da cobra, passando um atestado de menoridade aos amplificadores da verdade oficial (também, mas erradamente, conhecidos por jornalistas) dizendo-lhes que Angola “está no caminho do progresso, do desenvolvimento e sobretudo no caminho da defesa dos direitos humanos”.
Todos aqueles que não se renderam ao poder petrolífero de Angola, e que são de facto poucos e cada vez menos, sabem que as violações dos Direitos Humanos em Cabinda atingiram um verdadeiro flagelo.
Neste caso, tanto Paulo Cassoma como Paulo Tchipilica sabem que o regime colonial angolano vai reforçar em Cabinda os seus métodos cruéis – as prisões com mais detidos, sobretudo personalidades ligadas à extinta Mpalabanda, e a rigorisissíma censura e repressão.
É claro que também a comunidade internacional sabe. Mas essa diz o que o regime quer que seja dito, o mesmo se passando com a maioria dos amplificadores da verdade oficial. E de Portugal nem vale a pena falar. Está de cócoras.
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