A passividade (ou $erá outra coisa?) da Comissão Nacional Eleitoral (CNE) de Angola em relação à propaganda feita pelo Jornal de Angola ao MPLA, mascaradade jornalismo, é comovente e conivente. O mesmo se pode afirmar dos (supostos) observadores internacionais. Vale tudo e, é claro, ninguém diz nada. Nem mesmo os jornais internacionais. Todos parecem vendidos por um prato de lentilhas.
O Jornal de Angola tem o desplante de escrever que “a UNITA ontem, na TPA, falou da corrupção. E logo com Carlos Fontoura, que faz lembrar aquele poema SARL! SARL! SARL! a pança do Fontoura não lhe cabe na pele. Podiam escolher alguém mais limpo. Ser claro não quer dizer necessariamente limpeza”.
Que o pasquim de Luanda, órgão de facto oficial do MPLA, berre, salte e vá comendo as pontas às bissapas, ainda vá que não vá. No entanto, entrar no insulto pessoal sem que a CNE se manifeste isso é, ou deveria ser, crime. Crime caso, é claro, Angola fosse ou pretendesse ser um Estado de Direito.
O volume dos guinchos do Jornal de Angola (tal como da TPA, RNA, Angop, etc.) não me incomodam. O que me irrita é o silêncio criminoso das pessoas de bem, sobretudo dos organismos internacionais que deveriam, digo bem – deveriam, evitar que isto se passasse nos órgãos de comunicação em geral, e nos públicos em particular.
Mas enquanto come as pontas às bissapas, o Jornal de Angola vai dando outros guinchos: “Fernando Heitor, com tiques savimbistas de triste memória, com esgares de Jack o Estripador, também falou de milhões de dólares desaparecidos no pântano da corrupção. Heitor e a UNITA devem saber para onde foram os biliões de dólares dos diamantes de sangue”.
Não há dúvida que o Jornal de Angola está a ver que o MPLA está com a corda no pescoço. Está a ver que do outro lado da bissapa está o caçador pronto a acabar com tantos guinchos. Estão os angolanos prontos para apostar na mudança e, finalmente, mandar para as latrinas onde foram gerados todos aqueles que vegetam à sombra do dinheiro roubado ao Povo.
Ainda segundo o Jornal de Angola, “Fernando Heitor, no seu discurso, ainda escorria umas gotas de raiva pelos cantos da boca. Um rapaz desempoeirado apareceu com a camisola do MPLA, disse que “o dinheiro é nosso” e despiu a camisola. Ficou nu da UNITA para cima. O dinheiro dos diamantes de sangue voa baixinho, como o galo negro”.
O desespero do MPLA é, na verdade, cada vez maior. Já não sabem o que fazer. Tentaram tudo. Ofereceram carros, motas, bicicletas, comida, bebida e dinheiro mas, pelos vistos, os angolanos estão mesmo dispostos à mudança.
O MPLA tenta tudo. Pôs em campo o presidente da República, chamou todos os seus generais para a frente de combate, comprou tudo o que podia (observadores, políticos internos e externos, jornalistas e outros similares) mas parece que não é suficiente.
O MPLA teme (e vamos lá ver qual será a última jogada – que tal uma razão qualquer para adiar as eleições?) a derrota e já concluiu que nem a sua “Força Aérea” consegue impedir o voo, cada vez mais alto, do Galo Negro.
3 comentários:
Amigo Orlando,
Desculpe o assunto que nada tem a ver com o tema do artigo, mas ... ando às voltas para saber como se chama actualmente a Av. Américo Tomás em Luanda, por acaso o amigo sabe qual é o actual nome?
Obrigada,
Margarida
Com muita pena, não acredito que o MPLA perca estas eleições. O acto de depósito de voto na urna poderá ser livre e justo, mas as eleições em si não. Eleições só são justas quando se cumpre um dos pilares básicos da democracia: imprensa livre...
Em busca de uma imagem ilustrativa das eleições em Angola descobri o seu blog.
Devo dizer que uma ou duas vezes por semana me penintencio lendo o Jornal de Angola. Eleições livres e justas, sem liberdade de informação...
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