segunda-feira, abril 27, 2009

Jornalistas na linha de fogo de Sócrates
(Jornalistas e não produtores de textos!)

É (mesmo) verdade. O primeiro-ministro de Portugal (pois, só poderia ser) resolveu atacar forte e feio os jornalistas ou, como explicou à RTP, os cidadãos que por acaso são jornalistas.

O actual Governo português teima (e lá $aberá a razão) em valorizar todos aqueles que conseguem pôr os jornalistas a pensar com a barriga. A bem do pluralismo, da liberdade de expressão e – é claro - da Nação.

«Com a massificação dos meios audiovisuais, a multiplicação dos meios de expressão nas novas redes digitais e a convergência de tecnologias, mercados, serviços e equipamentos, a comunicação social constitui hoje um sistema de produção e difusão de informação e de conhecimentos de enorme influência social», afirma o Governo no seu programa ou, pelo menos, num dos seus (muitos) programas.

Será por isso que o Governo valoriza todos aqueles que conseguem pôr os jornalistas a pensar com barriga? Será por isso que valoriza a produção maciça de textos de linha branca?

«Da imprensa à televisão e aos blogues, a comunicação social percorreu um longo percurso - da raridade à abundância, do monopólio à concorrência. Hoje, perante novos desafios, a comunicação social enfrenta no nosso País dificuldades decorrentes, nomeadamente, das limitações do mercado publicitário, da ausência de hábitos de leitura, da insuficiência da indústria audiovisual, da fragilidade da regulação, da governamentalização e da insuficiente afirmação do papel dos serviços públicos de rádio e de televisão», afirma o Governo no seu programa.

Será por isso que o Governo valoriza todos aqueles que conseguem pôr os jornalistas a pensar com barriga? Será por isso que valoriza a produção maciça de textos de linha branca?

«Importa garantir que a comunicação social constitua um efectivo instrumento de informação e de formação livre e plural na sociedade portuguesa. Para isso, é necessário promover uma política para o audiovisual assente num sistema de regulação independente e eficaz dos media, num serviço público de televisão forte e credibilizado no quadro de um sistema dual equilibrado e numa indústria de conteúdos dinâmica, criativa e economicamente sustentável», afirma o Governo no seu programa.

Será por isso que o Governo valoriza todos aqueles que conseguem pôr os jornalistas a pensar com barriga? Será por isso que valoriza a produção maciça de textos de linha branca?

«Em nenhuma circunstância a liberdade de informação pode ficar refém de interesses económicos ou políticos. A concentração da propriedade dos media pode pôr em causa o efectivo pluralismo e a independência do serviço público de informação», afirma o Governo no seu programa.

Será por isso que o Governo valoriza todos aqueles que conseguem pôr os jornalistas a pensar com barriga? Será por isso que valoriza a produção maciça de textos de linha branca?

«Importa, por isso, (...) assegurar os direitos dos jornalistas e o cumprimento das respectivas regras deontológicas, fortalecer o tecido empresarial da comunicação social, designadamente nos planos local e regional, apoiar a investigação sobre temas do sector e estabelecer formas de cooperação e parceria com os países e comunidades lusófonas», afirma o Governo no seu programa.

Será por isso que o Governo valoriza todos aqueles que conseguem pôr os jornalistas a pensar com barriga? Será por isso que valoriza a produção maciça de textos de linha branca?

“Assim, com uma intensa e pouco frequente combinação de arrogância, inabilidade e impreparação, com uma chuva de processos, o Primeiro Ministro do décimo sétimo governo constitucional fica indelevelmente colado à imagem da censura em Portugal, 35 anos depois de ela ter sido abolida no 25 de Abril”, escreveu o Jornalista Mário Crespo num artigo de opinião publicado no Jornal de Notícias (
http://jn.sapo.pt/Opiniao/default.aspx?opiniao=M%E1rio%20Crespo).

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