O Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA) está "preocupado" com a contratação de profissionais no estrangeiro, "nomeadamente em Portugal", revelou hoje a organização em comunicado.
Sobre este assunto já se manifestara no passado dia 16 o jornalista angolano Paulo Sérgio que no seu blogue (Tribuna da Kianda) escreveu uma peça intitulada «Mais jornalistas “mercenários” para Angola».
Eis o artigo do Paulo Sérgio:
«O despedimento de 119 funcionários dos jornais portugueses (Jornal de Notícias, Diário de Notícias, 24 Horas e O Jogo) poderá ser considerado uma mais-valia para os directores dos órgãos públicos e “privados” angolanos, visto que os “tugas” vêem Angola como sendo o Eldorado. Não tenho nada contra eles, mas prefiro os brasileiros por inúmeras razões que não adianta enumerar aqui.
Ao ler no blog de Orlando Castro, Alto Hama, a notícia que dava conta dos despedimentos que se registaram no Jornal de Notícias (JN) e pelo número de venda de exemplares registado no primeiro trimestre deste ano fiquei surpreendido. Surpreendido porque o JN foi o diário português mais lido no princípio do ano, captando uma audiência média de 12,2% - equivalente a um milhão e 14 mil leitores -, segundo os dados divulgados pelo Bareme Impresa da Marktest. São muitos leitores.
Voltando à entrada dos “tugas” em Angola, acho que não devemos duvidar por dois motivos: primeiro registamos nos últimos anos a abertura de dois grandes grupos virados para o ramo da comunicação social, nomeadamente, New Midia (proprietária do semanário Novo Jornal) e da Midia Nova (proprietária do semanário O País, Rádio Mais, TV Zimbo, revistas Vida e Chocolate).
A semelhança das duas empresas não partem apenas do nome do primeiro está em inglês enquanto o segundo na língua de Camões. A outra coisa que ambos têm em comum é que para além dos profissionais angolanos congregam no seu seio expatriados, na sua maioria portugueses.
Até antes da visita do Presidente Eduardos dos Santos a Portugal o consulado angolano em Lisboa já tinha concedido mais de seis mil vistos, este ano. No ano passado foram concedidos mais de 26 mil vistos, enquanto que em 2006 foram 21 mil vistos. Os mais solicitados são os ordinários.
O JN alcançou a liderança das audiências ao ultrapassar o concorrente mais directo, “Correio da Manhã”, que registou uma percentagem de 12%, situando-se abaixo do milhão de leitores.
Nos restantes diários de informação geral, o balanço para as publicações do grupo Controlinveste, a que o JN pertence, é positivo. O “Diário de Notícias” posicionou-se à frente do “Público”, com 4,7% e 4,6% respectivamente. O “24 horas” subiu 0,6 pontos percentuais para 3,2%. O desportivo “O Jogo” tem agora uma audiência de 5,6%, o que representa uma subida face ao trimestre anterior no qual registou 5,2%."
Felicito o proprietário do Alto Hama pelo facto desta página ter atingido 233 mil visitas. O que só prova que a pagina é bastante lida e que o número de internautas interessados em saber o que se passa realmente em Angola cresce diariamente.
Fico feliz ao ver que o autor mantém intacto a teoria de que o “Alto Hama, ao contrário do que é prática corrente, continua a pôr a liberdade de expressão, bem como o poder das ideias acima das ideias de poder. Continua a defender (também ao contrário de outros) que não se é Jornalista seis ou sete horas por dia a uns tantos euros por mês, mas sim 24 horas por dia.
Por outro lado, acredito piamente que caso seja efectivamente posto em prática a proposta do jornalista Reginaldo Silva de criação do Alto Conselho dos Anciãos da Comunicação Social (ACACS), e o mesmo contar com escribas da estirpe do veterano Aguiar dos Santos. Embora este já apresenta algum cansaço físico, as coisas podem mudar.
Nós os jovens que andamos nessas lides há pouco tempo, vindos dos musseques onde falta quase tudo e que aprendemos jornalismo no Instituto Médio de Economia de Luanda, só temos a agradecer a intervenção dos escribas que comungam da ideia do Reginaldo Silva. A sua preocupação com a invasão das nossas redacções ficou clara no seu texto desta semana publicado no Angolense.
“O que é facto é que estão vindo e aos magotes a pressionar (aconselhar com alguma urgência) o Sindicato do ramo a tomar uma posição enérgica face a esta invasão silenciosa das nossas redacções. De outra forma, vamos mesmo terminar como contínuos, como um deles, aliás, já vaticinou publicamente nas colunas do próprio matutino onde tem luz verde para ameaçar e ofender todos quantos não estejam em sintonia com o pensamento reinante”.
“O que é facto é que estão vindo e aos magotes a pressionar (aconselhar com alguma urgência) o Sindicato do ramo a tomar uma posição enérgica face a esta invasão silenciosa das nossas redacções. De outra forma, vamos mesmo terminar como contínuos, como um deles, aliás, já vaticinou publicamente nas colunas do próprio matutino onde tem luz verde para ameaçar e ofender todos quantos não estejam em sintonia com o pensamento reinante”.
Apesar de os proprietários de alguns semanários ainda não terem decretado a falência, é visível pelas ruas de Luanda que alguns estão a perder a clientela. Mas, isso é o meu ponto de vista, ainda que eles venham a morrer, os seus frutos continuaram vivos e a deambular por este país. Faço a eles a devida vénia!”
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