O certamente vitalício ministro da Defesa de Angola, Kundi Paihama, reconheceu hoje em Lisboa que há militares da Frente de Libertação do Estado de Cabinda (FLEC) que ainda não "abraçaram a razão", afirmando desconhecer contactos de Luanda com o movimento.
“Abraçar a razão” significa, segundo Kundi Paihama, ser e estar com o MPLA. Foi por achar que o MPLA não era dono da verdade que o Mais Velho (Jonas Savimbi), entre muitos outros, lutou até à morte.
Mas o que é que isso agora importa, se 80% dos eleitores angolanos, apesar das vigarices, votaram nos amigos de Kundi Paihama?
"Ainda há restos das forças, pessoas das FLEC, que não abraçaram a razão, mas não se trata de qualquer força que possa impedir o curso da situação. São grupos de pessoas manipuladas por interesses que já conhecemos", disse Kundi Paihama numa conferência de imprensa com o seu homólogo português.
Assim, tal como em Portugal existe um dono da verdade, o PS, em Angola existe o MPLA. Tudo o resto são portugueses e angolanos de segunda que não têm direito a defender o que pensam ser também a verdade.
Por outras palavras, tanto os cabindas como os angolanos têm de comer e calar se não quiseram que Kundi Paihama os considere manipulados.
Em comunicado divulgado sexta-feira pela FLEC, assinado pelo líder das Forças Armadas Cabindesas (FAC) Unificadas, Estanislau Boma, afirma-se que Luanda abordou há dois meses o 2º chefe-adjunto do Estado Maior Geral, Cristóvão Honório Mabiala, propondo que se rendesse, alegando "negociações para a paz definitiva em Cabinda”.
O governador da província congolesa (RDC) do Baixo Congo, Mbatchi Mbatchia, terá servido de intermediário, juntamente com os serviços de segurança do país vizinho.
Segundo a FLEC, foram oferecidos a Mabiala 4.000 dólares, para que constituísse uma delegação e se deslocasse a qualquer ponto da República Democrática do Congo ou Congo Brazzaville para se encontrar com uma delegação angolana constituída por quatro oficiais da Casa Militar da Presidência angolana.
Estes representantes, adianta, “encontram-se presentemente na cidade de Tchiowa, aguardando por qualquer sinal para o referido encontro”.
“Se oficialmente não há guerra em Cabinda e a paz foi adquirida com o Memorando de Entendimento assinado com Bento Bembe, porquê estas novas manobras? A paz definitiva em Cabinda passa necessariamente por negociações francas e abertas com a FLEC e não pelo aliciamento deste ou daquele responsável político ou militar da FLEC de uma forma isolada”, refere o comunicado.
“O Estado-Maior Geral das FAC-Unificadas apela ao Governo angolano que adopte uma atitude realista e responsável para que haja verdadeiras negociações que conduzam a uma solução definitiva sobre o verdadeiro estatuto que deverá reger o território de Cabinda”.
Afirmando desconhecer contactos entre o Governo de Luanda e a FLEC, Kundi Paihama lembrou que "está em cima da mesa um protocolo sobre Cabinda".
Em cima da mesa um protocolo e por baixo uns embrulhos típicos do MPLA (muitos e muitos dólares).
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