quinta-feira, abril 30, 2009

Quem não os consegue domar... despede-os

"Tem barbas o velho ditado que diz que quem não deve não teme. Fazemos um jornalismo sério, directo e desapaixonado em relação a grupos de interesses ou de pressão.

Há quem tenha medo de investigar. Nós não! Há quem receie enfrentar a fúria de gente poderosa, desagradada com o nosso trabalho, porque não se limita a dizer o que gostariam de ouvir. Nós não!


Há quem pense que limita a nossa actividade com ameaças. Nós não aceitamos isso! Há quem considere que, em democracia, é possível condicionar o livre exercício do jornalismo. Em relação a nós não!

Há quem, não conseguindo domar os jornalistas, acredite que o pode fazer instrumentalizando empresas e instituições, utilizando o poder de que dispõe. Nós não queremos, não admitimos, nem permitimos que isso possa ocorrer. E a censura não mora aqui.

Mal iria a nossa democracia se, por via administrativa, alguém impedisse os jornalistas de exercerem a sua actividade como deve ser: com frontalidade, entusiasmo, profissionalismo, coragem e estilos próprios.

É apanágio dos medíocres, dos ditadores e dos que têm medo do jornalismo livre adaptarem os conceitos de ética e deontologia ao que lhes convém, torcendo e amarrotando pessoas a seu bel-prazer. Connosco não têm acolhimento tais práticas.

Não basta dizer-se que se defende o jornalismo de investigação. É preciso estar-se preparado para lidar com as suas revelações e efeitos, sem fazer distinção entre cidadãos: os poderosos de um lado e os que não o são de outro.

Recuso-me a acreditar que, independentemente do pecado político original que está na origem da formação da Entidade Reguladora, os seus membros alguma vez aceitassem ser cúmplices do amordaçamento da Comunicação social ou servos do Poder.

Se assim fosse a situação não seria grave: seria gravíssima! E reclamaria um combate tremendo sem quartel.”

Quem assim fala não é gago, sabe o que diz e diz o que sabe. Mas em que país do quarto mundo se terá passado um caso destes para que um director de informação seja obrigado a dizer tais coisas?

Numa primeira análise pensei tratar-se do Burkina Faso ou, admito que pensei nisso, Angola. Regimes que nem dos livros conhecem a democracia poderiam ser protagonistas de coisas assim.

Mas não. Afinal (embora as diferenças sejam cada vez mais ténues) tudo isto se passa em Portugal e as afirmações aqui reproduzidas são de José Eduardo Moniz, director-geral da TVI.

E depois digam que não tenho razão quando afirmo que Portugal está a cada vez mais a sul de... Marrocos.

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