Quando, em 27 de Janeiro de 2008, escrevi, a propósito do nado-morto Movimento Informação é Liberdade (MIL): “Recuso-me a fazer figura de urso”, mal sabia que o director do circo tinha tanto poder e que os palhaços eram os principais protagonistas.
De acordo com o MIL, na altura viagrado a torto e a direito, o objectivo, a curto e médio-prazo, era muito simples: “o MIL será interlocutor em todos os processos de discussão de matérias de interesse para a classe dos jornalistas, como por exemplo a autoregulação e o acesso à profissão”.
Na altura escrevi, mal sabendo que o director do circo tinha tanto poder e que os palhaços eram os principais protagonistas, que se o mais relevante para os jornalistas, “a curto e médio-prazo”, era a “autoregulação e o acesso à profissão”, não tenho dúvidas de que o MIL está a confundir a estrada da Beira com a beira da estrada, valorizando o acessório e esquecendo o essencial que, disse eu e mantenho, vai muito além do umbigo de alguns, tenham ou não experiência curricular nas assessorias políticas e ou empresariais.
Quando o principal problema dos jornalistas portugueses era, e agora é ainda mais, a perda da liberdade de expressão, não aceito fazer figura de urso só porque o primeiro-ministro é convidado de honra do circo mediático.
Quando, por questões de sinergia (escrevi aqui em Janeiro de 2008), se tenta uniformizar a informação de modo a cercear a diversidade de visões sobre o mesmo assunto (diapasão da liberdade), não aceito fazer figura de urso só porque o dono circo mediático viu o “urso” propriamente dito ser colocado como assessor de um qualquer político.
Quando, já ao dobrar da esquina, está a certeza de que um jornalista terá de escrever sobre o mesmo assunto para os jornais “A”, “B” e “C”, emitir o som para a rádio “D”, a imagem para a televisão “E” etc., vir-se dizer que a curto prazo devemos estar preocupados com a auto-regulação e com o acesso à profissão, é querer tapar o sol com uma peneira… sem sequer ter peneira, embora tendo peneiras.
Nessa altura, há mais de um ano, escrevi que os jornalistas, os do MIL e muitos outros, estavam como o tolo no meio da ponte. Não sabiam se deviam ir para a frente ou para trás. No entanto, preocupados com essa dúvida existencial, ainda não tinham reparado que, afinal, nem ponte havia...
Mas, agora, percebo que os adeptos do MIL tinham alguma, ou até toda, razão. É que, afinal, só não havia ponte para os que se recusavam a fazer figura de urso.
Mas, agora, percebo que os adeptos do MIL tinham alguma, ou até toda, razão. É que, afinal, só não havia ponte para os que se recusavam a fazer figura de urso.
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