O processo de desarmamento da população civil em Angola completou hoje um ano. Neste período foram recolhidas mais de 50 mil armas com destaque para as províncias da Huíla, Luanda, Huambo, Benguela e Lunda Norte.
Em Fevereiro do ano passado (alguém se recorda?), numa entrevista à LAC - Luanda Antena Comercial, o ministro da Defesa angolano, Kundi Paihama, levantou a suspeita de que a UNITA mantinha armas escondidas e que alguns dos seus dirigentes tinham o objectivo de voltar à guerra.
“Nestes sete anos que as armas se calaram, apesar das dificuldades que ainda vivemos, passamos muito bem sem o recurso a elas para resolver diferenças políticas ou de opinião”, frisou hoje o primeiro-ministro, Paulo Cassoma, num fórum sobre “Gestão e Controlo de Armas e Munições”.
O processo de desarmamento da população civil, a ser implementado em dois anos, teve duas fases, sendo a primeira de entrega voluntária, passando depois para a de recolha coerciva, ao mesmo tempo que a espontânea.
Ainda no âmbito do programa de recolha de armas, começou já no ano passado o processo de destruição de armas obsoletas, tendo o arranque das actividades sido dado nas províncias de Luanda, Huambo e Huíla.
Kundi Paihama afirmou na altura, ao seu melhor estilo, que os antigos militares do MPLA, "se têm armas", não é para "fazer mal a ninguém" mas sim "para ir à caça". Alguém sabe se esses militares caçadores já devolveram as armas?
Quanto aos antigos militares da UNITA, o governante disse na altura que a conversa era outra e lembrou que mais cedo ou mais tarde vai ser preciso falar sobre este assunto. E então? Chegou a altura ou o MPLA vai esperar pela eventual eleição presidencial?
E, tal como há pouco mais de um ano, volto a perguntar: Então malta da UNITA? O que é que é isso? Têm para aí um arsenal de metralhadoras debaixo da cama para quê? Não é para caçar, com certeza. E julgavam vocês que o Kundi Paihama não descobria? Francamente...
Na entrevista à LAC, citada pelo site Angonotícias, Kundi Paihama disse textualmente: "Ainda hoje se está a descobrir esconderijos de armas". Disse e é verdade. Todos sabemos que o meu amigo Alcides Sakala, por exemplo, tem na sua secretária 925 Kalashnikov, para além de 423 mísseis Stinguer.
E o meu amigo Lukamba Gato? Da última vez que estive com ele trazia na mala aí uns 14 órgãos Staline (a mim pareceu-me serem mais uns katyushas), para além de me ter mostrado no porta bagagens do carro, oito tanques Merkava de fabrico israelita.
"Eu tenho muitos dados na qualidade de Ministro da Defesa (...) mas não posso revelar publicamente", indiciou o ministro da Defesa, que disse ainda acreditar que há dirigentes da UNITA interessados num regresso à guerra. Recordam-se?
O ministro da Defesa não pode, disse, revelar o que sabe. No entanto, o Alto Hama está em condições de revelar o que Kundi Paihama sabe. Para além dos casos referidos (Sakala e Gato), Isaías Samakuva nunca sai à rua sem levar no bolso três tanques ucranianos, modelo T-84.
Adalberto da Costa Júnior esconde no seu fato de puro corte inglês pelo menos sete mísseis norte-americanos Avenger.
O melhor é ficar por aqui. É que Kundi Paihama também sabe que eu tenho um tanque alemão Leopard 2 na minha cozinha, disfarçado de máquina de lavar louça.
Nota:
Foto publicada em:
e que integra o excelente trabalho "Guerra Civil" que pode e deve ser lido em:
1 comentário:
... e o lança-chamas disfarçado de pastor alemão? Esqueceste dele?
ELAN
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