A propósito do que aqui escrevi sobre a decisão do presidente semi-eleito de Angola e eleito do MPLA, José Eduardo dos Santos, de exonerar Almerindo Jaka Jamba de embaixador junto da UNESCO, importa de facto dizer algo mais.
Mantenho que, em Angola, não basta ser competente, é preciso ser do MPLA. Acrescento, contudo, que não é só em Angola. Também em Portugal não basta ser competente, é preciso ser do PS.
É claro que do ponto de vista legal, Eduardo dos Santos tem toda a legitimidade para exonerar quem entender, seja a nível político, militar ou empresarial. Apesar de só semi-eleito, é ele que manda em tudo e, por isso, põe na rua quem bem entende.
A situação em Portugal é diferente, sobretudo do ponto de vista democrático. José Sócrates foi de facto eleito em eleições livres e não é (por enquanto e tanto quanto é público) dono do país, ao contrário do seu grande amigo angolano, José Eduardo dos Santos.
No caso de Angola penso que o país precisa dos mais competentes, sejam de que partido for. Presumo, e desculpem se me engano, que existe gente competente em todos os lados e não apenas no MPLA.
É claro que, em função dos resultados da espécie de eleições que houve, se 80% dos angolanos residentes no país votaram no MPLA, 80% dos mais competentes estarão neste partido que (des)governa Angola desde 1975. Mesmo assim sobram 20%.
Se calhar nas próximas eleições legislativas o MPLA representará 100%. Se assim for, então estará tudo na santa paz do regime. Até lá não seria mau, para bem de todos, não seguir com rigor milimétrico o que faz o partido irmão de Portugal. Ou será o PS que segue com rigor (quase) milimétrico o que faz o MPLA?
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