José Sócrates «conseguiu transformar Manuela Moura Guedes no grande problema do Governo. Com o país no estado em que está».
Quem o diz é Vasco Pulido Valente, na habitual crónica no «Público», esta semana dedicada a «uma guerra» que «desde o princípio» o primeiro-ministro lançou aos jornalistas.
«Para ele (Sócrates) a informação sobre o Governo tinha de ser pouca e calculada. Quanto menos fosse e quanto mais calculada, menos daria alimentação e oportunidade a críticas», escreve.
Sucede que «com o tempo as críticas vieram e Sócrates começou a exercer represálias sobre os críticos pelo velho e desastroso método do boicote: Se uma televisão ou um jornal por qualquer motivo o ofendiam ou, supunha ele, o prejudicavam, Sócrates fazia o possível (e o impossível) por não se aperceber da sua maléfica existência: recusava entrevistas, cortava as relações com os directores, não os convidava para viagens de natureza oficial e por aí fora».
Para o cronista, «se a relação entre o Governo e os jornalistas se tornou numa relação «pessoal» e «obsessiva», a culpa não é dos jornalistas. É de quem primeiro se mostrou «pessoal» e «obsessivo».
Perante a inevitabilidade do escrutínio da vida do primeiro-ministro, restava-lhe, diz Pulido Valente, «negar, sem paixão, o que valesse a pena negar e deixar o resto aos tribunais». «Sócrates resolveu partir em campanha contra o mundo», diz, desde logo, ao apresentar-se como «vítima de uma conspiração obscura e quase universal» e ao processar vários jornalistas.
O efeito conseguido foi, remata Pulido Valente, o previsível: «ninguém acreditou em conspiração alguma e os jornalistas acabaram por o processar a ele».
... e assim vai o reino lusitano a norte, embora dada vez mais a sul, de Marrocos.
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