O Conselho Deontológico do Sindicato dos Jornalistas de Portugal considera reprovável o desempenho da jornalista Manuela Moura Guedes na condução do "Jornal Nacional - 6ª", na sequência da discussdão que a apresentadora teve em directo com o bastonário da Ordem dos Advogados, por sinal ex-jornalista.
Afinal, ao contrário do que eu pensava, o Conselho Deontológico existe. Ou existe ou foi agora ressuscitado. Vai dar ao mesmo.
"Consideramos esta forma de estar no jornalismo e de fazer jornalismo reprovável", afirmou o presidente do Conselho Deontológico (CD), Orlando César, em declarações à Lusa.
"O Conselho Deontológico não pode deixar de reprovar o desempenho de Manuela Moura Guedes na condução do 'Jornal Nacional - 6.ª feira' e concitar a própria e a direcção da TVI ao cumprimento dos valores éticos da profissão", refere o órgão em comunicado hoje divulgado.
Pos é. Ao que parece, também o Conselho Deontológico entende que os problemas (muitos deles graves, muito graves) do jornalismo se limitam ao caso de Manuela Moura Guedes. Eu sei que este é mediático, mas será que não há jornalismo antes, durante e depois da TVI?
Numa reunião realizada hoje, os membros do CD analisaram a emissão de 22 de Maio do "Jornal Nacional", em que a jornalista Manuela Moura Guedes e o bastonário da Ordem dos Advogados, António Marinho Pinto, tiveram uma discussão em directo.
"Analisámos apenas este caso, que constitui um avolumar de situações e nos levou a tomar uma posição. Além disso, recebemos pedidos de pareceres e queixas de jornalistas e telespectadores", explicou Orlando César.
Se calhar é por os portugueses não se queixarem ao CD que os problemas deixam de existir. Se calhar, digo eu, o Sindicato e os seus órgãos internos deveriam estar mais atentos, ou pelo menos – se não for pedir muito -, minimamente atentos ao que se passa com esta classe profissional.
No caso de Manuela Moura Guedes, os telespectadores tiveram – sem necessidade da mediação do Sindicato ou da Entidade Reguladora – matéria de facto em directo para fazerem a sua avaliação. Mas noutros casos, nomeadamente nos órgãos escritos, não têm essa possibilidade. E se a não têm, caberia – digo eu – ao Conselho Deontológico zelar pela veracidade, pela transparência, pela isenção. Ou não será assim?
Os membros do CD analisaram, de acordo com o presidente, "questões de profissionalismo e aspectos éticos da profissão, o que deve ser a função de quem é pivot de um telejornal".
"Considera-se inaceitável que, para além de outros aspectos, na apresentação das notícias, o jornalista confunda factos e opiniões e se exima da responsabilidade de comentar as notícias com honestidade", refere o comunicado, acrescentando ainda que "os pivôs devem estar claramente conscientes de qual o seu papel, se o de 'entertainer' ou o de jornalista, não devendo confundir o conflito e o espectacular com a importância das notícias".
Pois é. Mas o CD ao ter dois pesos e duas medidas (tomando um veredicto sobre uns e esquecendo outros) não está ele próprio a confundir a estrada da Beira com a beira da estrada?
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