O primeiro presidente da Guiné-Bissau, Luís Cabral, irmão de Amílcar Cabral, morreu hoje em Lisboa vítima de doença prolongada.
Do presidente Luís Cabral que foi deposto num golpe de Estado em 1980 liderado por Nino Vieira, assassinado no passado mês de Março, recordo que disse há quase um ano, 9 de Julho de 2008, sobre a Guiné-Bissau.
Luís de Almeida Cabral considerou, estava então em Paris, que a existência de tráfico de droga no seu país natal constitui uma "vergonha", apelando às autoridades de Bissau para combaterem o fenómeno.
"É uma situação muito má. Desejo que as autoridades e o povo guineenses possam combater esta vergonha que não traz nada de bom", o primeiro Presidente da Guiné-Bissau (1974/80).
Luís Cabral, que reside em Lisboa desde 1981, deslocara-se a Paris para assistir à inauguração de uma avenida baptizada com o nome do seu irmão, Amílcar Cabral, herói da luta da independência da Guiné-Bissau e de Cabo Verde.
Luís Cabral presidiu à Guiné-Bissau desde a independência do país, em 1974, até 1980, liderando um regime monopartidário sob a égide do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).
A 14 de Novembro de 1980, num golpe de Estado denominado localmente por "Movimento Reajustador", Luís Cabral seria destituído do cargo. O golpe de Estado foi protagonizado e liderado pelo seu então primeiro-ministro, João Bernardo "Nino" Vieira.
A Guiné-Bissau é apontada pela ONU como uma "placa giratória" do tráfico de droga proveniente da América Latina para a Europa.
Sem meios, equipamento e estabelecimentos prisionais, as autoridades guineenses têm apelado à comunidade internacional para ajudar no combate ao narcotráfico.
O relatório dos Repórteres Sem Fronteiras (RSF) "Guiné-Bissau - Cocaína e Golpe de Estado, fantasmas de uma nação amordaçada" denunciou a cumplicidade de certos ministros e militares com os narcotraficantes colombianos.
Dias depois da divulgação do documento, os RSF alertavam que os jornalistas da Guiné-Bissau que se aproximavam demasiado dos traficantes de droga e dos seus cúmplices eram perseguidos por militares guineenses.
Com contornos duvidosos e muita contra-informação, a questão do narcotráfico dominou o ano de 2007 e 2008 na Guiné-Bissau, mas sem ter havido um único julgamento de um traficante, apesar de várias detenções e apreensões de droga.
Várias organização internacionais, nomeadamente as Nações Unidas, denunciaram o envolvimento de autoridades guineenses no tráfico de droga, mas nunca nada foi provado pela Comissão Interministerial, criada pelo actual Governo, que apenas apresentou ao Ministério Público uma queixa pelo desaparecimento de mais de 600 quilos de cocaína, apreendidos em Setembro de 2006.
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