O presidente da CIP considerou hoje que o aumento dos despedimentos colectivos é consequência directa da lei que proíbe rescisões amigáveis .
O presidente da CIP esqueceu-se, contudo, de dizer que muitos dos despedimentos, colectivos ou não, são consequência de muitos empresários terem uma clara vocação para tudo, menos para serem empresários.
"É com certeza [um cenário em crescendo no futuro], devido à lei que foi feita que proíbe as rescisões amigáveis para as empresas grandes. Uma vez que se proíbe as rescisões amigáveis a única maneira de poder reduzir pessoal ou adaptar às necessidades é através do despedimento colectivo", disse hoje o presidente da Confederação da Indústria Portuguesa (CIP), Francisco Van Zeller.
Disse e, como sempre acontece, a mensagem passou sem que alguém lhe perguntasse porque razão há empresas a dar lucro e que optam por despedir ou, ainda, porque razão muitas empresas alegam dificuldades para despedir e logo a seguir admitem novos funcionários.
À margem do congresso "Trinta anos de Empreendedorismo", organizado pela Associação Nacional de Jovens Empreendedores e que decorre até sexta-feira no Centro de Congressos de Lisboa, Van Zeller não se mostrou surpreendido com a subida do número de desempregados por despedimento colectivo.
"Não é de admirar que o despedimento colectivo esteja a subir. É completamente aceite, o Governo conhece, nós avisámos e o que me admiro é que as pessoas ainda se admirem, porque isto é uma consequência directa daquela lei", afirmou.
Não. Não é uma consequência directa daquele lei. É uma consequência directa de muitos empresários estarem habituados a gerir chafaricas e depois comprarem grandes empresas para as quais não têm pedalada.
É igualmente consequência de muitas empresas serem geridas pelos filhos dos velhos patrões e que, devido ao facto de o dinheiro ter caído do céu, apenas sabem pensar com a cabeça que não tem nenhum neurónio.
É igualmente consequência de num país que ainda não é um Estado de Direito, valer (quase) tudo.
Recordar-se-á Francisco Van Zeller de ter afirmado ao Jornal de Notícias: “Despedir quando há lucros é vergonhoso”? (http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Economia/Interior.aspx?content_id=1146552).
De acordo com os dados publicados pela Direcção Geral do Emprego e das Relações do Trabalho (DGERT), entre Janeiro e Abril, foram dispensadas 1.718 pessoas ao abrigo de processos de despedimento colectivo, um valor que é já superior ao total dos despedimentos verificados no primeiro semestre de 2008, em que foram despedidas 1.082 pessoas.
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