As autoridades portuguesas vão apoiar as presidenciais na Guiné-Bissau. Como? Simples: material eleitoral, dois técnicos e participação nas missões de observação da União Europeia e da CPLP.
Se calhar esperava-se mais. Mas, como é habitual, Portugal é exímio em nada fazer porque sabe, e tem razão, que se nada fizer dificilmente erra.
“Para além de participarmos a nível da União Europeia e da Comunidade dos Países de Língua Oficial Portuguesa com observadores eleitorais, damos o nosso contributo tradicional e muito significativo que é o fornecimento do chamado material eleitoral”, afirmou o embaixador de Portugal em Bissau, António Ricoca Freire.
Do material a atribuir às autoridades guineenses, o embaixador de Portugal em Bissau destacou “os boletins de voto, onde constam os nomes e as fotografias dos 13 candidatos elegíveis e que estão neste momento a ser ultimados em Lisboa”.
A pormenorizada explicação do embaixador (“boletins onde constam os nomes e as fotografias”) é reveladora da sobranceria – ou será mera ignorância? – das autoridades lusas. É que se não nos fosse explicado que dos boletins de voto constam os nomes e as fotos dos candidatos...
“Estamos a fazer um esforço para anteciparmos o envio desse material eleitoral de forma a estarem aqui se possível alguns dias antes da data que está fixada e que era 19 de Junho”, disse o embaixador sem, contudo, explicar que os boletins de voto são em papel...
“Esperamos poder antecipar um pouco esta data de forma a proceder com a devida calma à distribuição do material eleitoral por todo o território” afirmou, sublinhando que Portugal este ano está muito ocupado em termos eleitorais, devido à realização de eleições europeias, legislativas e autárquicas.
Pois é. Portugal está ocupado. Muito ocupado. E ainda estará mais quando tiver de trabalhar.
“Mas, não obstante isso, o serviço de administração eleitoral fez um esforço e vai mandar uma equipa de dois técnicos, peritos portugueses em matéria eleitoral, para dar assistência à Comissão Nacional de Eleições durante um certo período imediatamente antes das eleições”, afirmou.
E olhem que é um esforço titânico. Mandar dois técnicos é obra. Creio até que a Guiné-Bissau deve pensar em dar uma medalha a Portugal por tão grande esforço. Dois técnicos.
O embaixador de Portugal falava à agência Lusa no final da assinatura do código de conduta e ética eleitoral para a campanha eleitoral para as eleições presidenciais de 28 de Junho na Guiné-Bissau.
O documento foi assinado pelos candidatos presidenciais, sociedade civil e representantes diplomáticos acreditados em Bissau.
“Foi muito importante a iniciativa e foi muito importante também o facto de a sociedade civil se ter envolvido nela”, afirmou o embaixador de Portugal.
“É preciso não esquecer que estas eleições se realizam num período particularmente conturbado depois do assassínio do presidente e que o compromisso aqui assumido reflecte exactamente essa preocupação”, disse
“A preocupação de evitar a calúnia, as referências desnecessárias e violentas e agressivas aos assassínios brutais, sem dúvida, de 1 e 2 de Março”, explicou.
Segundo o embaixador de Portugal, o acto simbólico mostra também a necessidade de não ligar as eleições aos acontecimentos negativos ocorridos no país, mas “ao aspecto da construção positiva que elas significam”.
E assim Portugal já poderá dormir descansado. Eleições não são só por si sinónimo de democracia. Mas o que é que se há-de fazer?
1 comentário:
Portugal não tem qualquer obrigação moral de andar com os PALOP ao colo.
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