China e Brasil têm-se empenhado nos últimos anos em afirmar-se económica e diplomaticamente em África e países lusófonos como Angola e Moçambique têm sido palcos de eleição para as duas potências emergentes.
Enquanto isso, Portugal, ao seu estilo, continua a vê-los passar. Também não poderia ser de outra forma. Aqueles dois países são gigantes e os governantes portugueses são anões até na forma de pensar.
O factor central desse desejo de afirmação dos gigantes da Ásia e América do Sul é o acesso a matérias-primas como o petróleo e o carvão, bem como a abertura de novos mercados para os seus produtos; em troca, oferecem crédito, infra-estruturas e "know-how", além de ajuda ao desenvolvimento.
Portugal, apesar de integrar uma coisa híbrida que dá pelo nome de Comunidade de Países de Língua Portuguesa, continua a olhar para o umbigo europeu, tudo fazendo para ser o primeiro, depois do último, a chegar aos países africanos lusófonos.
Angola ostenta o título de primeiro parceiro comercial africano e maior fornecedor de petróleo da China, tendo as trocas bilaterais atingido 25 mil milhões de dólares no ano passado, de acordo com estatísticas oficiais angolanas.
Paralelamente, Luanda tem em Pequim a sua mais importante fonte de financiamento para o programa de reconstrução nacional: estima-se que as linhas de crédito abertas pela China desde 2004 ultrapassem os seis mil milhões de dólares.
Empresas chinesas têm hoje a seu cargo algumas das principais obras de reconstrução do país, como as linhas de caminho de ferro de Luanda, Benguela e Moçâmedes ou ainda o novo aeroporto de Luanda.
Por outro lado, o Brasil tem aberta uma linha de crédito de mil milhões de dólares para Angola, tendo sido o marco das relações económicas e comerciais entre Luanda e Brasília acontecido durante a visita do Presidente Lula da Silva à capital angolana em 2007.
Como efeito imediato do relançamento das relações comerciais entre os dois países, o mercado angolano foi "inundado" por produtos brasileiros, com destaque para a alimentação e vestuário, mas também para a gasolina, tubos de aço para oleodutos ou tractores, num país onde as construtoras brasileiras já desempenham um papel de relevo.
Números relativos a 2007 apontavam para trocas comercias de 2,5 mil milhões de dólares entre os dois países. O petróleo angolano é a mais importante exportação para o Brasil, com mais de 500 milhões de dólares.
A presença de técnicos brasileiros em Angola é outro dos sinais óbvios da crescente importância das relações entre os dois maiores países lusófonos - operam em áreas tão distintas como a saúde, a educação e a comunicação social e publicidade.
Em Moçambique, China e Brasil também estão envolvidos nalguns dos principais projectos de investimento.
A brasileira Companhia Vale do Rio Doce iniciou este ano um investimento de mais de mil milhões de euros nas minas de carvão de Moatize, província de Tete, centro de Moçambique.
Antes da presença da Vale nas minas de carvão de Moatize, os investimentos privados brasileiros em Moçambique não tinham grande expressão, limitando-se ao pequeno comércio de roupa e calçado.
No plano da cooperação bilateral, destaca-se o laboratório de produção de anti-retrovirais, para o HIV-SIDA, que será montando em Moçambique com o apoio técnico e financeiro do Brasil.
Quanto ao investimento chinês em Moçambique destacam-se os mil milhões de euros que o Eximbank deverá aplicar na construção da barragem de Mpanda Nkua, que será a segunda maior hidroeléctrica do país, depois da Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB). No ano passado, a China foi o segundo maior investidor privado em Moçambique, atrás da África do Sul.
Também na cooperação entre estados, a China tem-se revelado um parceiro de peso para Moçambique, financiando obras de vulto, como acontece agora com o Estádio Nacional, o Centro de Conferências Joaquim Chissano, as sedes do Ministério dos Negócios Estrangeiros e da Assembleia da República.
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