Angola vem uma vez mais citada no relatório anual da Amnistia Internacional, figurando entre as nações que mais violaram os direitos humanos em 2008.
Como com os males dos outros vivemos nós bem, não gosto de ver a minha terra nesta situação. É por isso, ao contrário do que pensam algumas mentes foscas que habitam os areópagos políticos de Luanda e de Lisboa, que entendo que que Angola tem de ser salva pela crítica e não assassinada pelo elogio.
Eu sei que em 78% dos países do grupo dos mais ricos do Mundo (G20) também foram registados casos de tortura e agressões por parte das autoridades, como assinala o relatório sobre 2008 da Amnistia Internacional.
Esta constatação levou a que a secretária-geral da organização, Irene Khan, tenha desafiado os líderes mundiais a enfrentarem esta "crise de Direitos Humanos explosiva" e a não relegarem para segundo plano esta questão desculpando-se com a crise económica.
"O mundo está sentado sobre uma bomba social, política e económica, alimentada pelo desenrolar de uma crise dos Direitos Humanos", disse Irene Khan, que pediu o empenhamento por parte dos líderes mundiais para que vão mais longe do que as "promessas em papel".
Na mesma linha se pronunciou a presidente da AI em Portugal. Segundo Lucília José Justino, é exactamente nos países mais industrializados e de economias emergentes "que a maioria dos direitos humanos são violados", através da pena de morte, execuções extra-judiciais e julgamentos injustos.
A nível global, a tortura e agressões por parte das autoridades ocorreram em metade dos países do mundo. Ainda segundo o relatório da AI, 78% das 2.390 execuções ocorreram em países que pertencem ao G20, a maior parte delas nos EUA, Arábia Saudita e China.
Em termos globais, 2008 foi marcado "por sinais crescentes de tensão" e pelas "duras reacções dos governos aos protestos contra as condições sociais e políticas" em países como a Tunísia, o Egipto e os Camarões. O relatório destca ainda que em 81 países as pessoas são proibidas de expressar livremente a sua opinião.
Vem tudo isto a propósito do facto de para mim ser muito mais relevante uma morte em Angola do que dez nos EUA, na Arábia Saudita ou na China. Além disso, é legítimo que nos preocupemos muito mais com os que amamos do que com aqueles que apenas conhecemos.
Foto de Juliana Maria dos Santos
http://oglobo.globo.com/blogs/fotoglobo/post.asp?t=fotos-de-leitores&cod_post=158711
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