quinta-feira, maio 21, 2009

Portugal terá seis casas para acolher
os doentes originários dos PALOP

Portugal vai ter, no final do ano, seis casas destinadas ao acolhimento de cidadãos dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) que necessitam de tratamento médico, disse hoje a Alta Comissária para a Imigração e Diálogo Intercultural.

Rosário Farmhouse fez o anúncio durante a inauguração oficial da Casa da Alegria, uma das duas casas que integra actualmente esta rede, onde se encontram 12 pessoas (crianças e mães).

O Programa de Apoio a Doentes Estrangeiros (PADE), resultante de uma parceria entre o Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural (ACIDI) e o Instituto da Segurança Social (ISS), apoia actualmente 26 utentes, mas deverá chegar aos 50.

Ainda este mês devem ser inauguradas duas outras casas, em Sintra e no Bairro do Zambujal (Amadora), preenchendo uma lacuna a nível do alojamento dos doentes do sexo masculino. As outras duas deverão estar prontas em Outubro, adiantou a responsável do ACIDI.

O protocolo assinado com o ISS prevê que possam ser pagas até 50 bolsas mensais, no valor de 425 euros cada.

A Casa da Alegria (Lisboa), em funcionamento desde Novembro de 2008, funciona como um modelo deste projecto-piloto, que envolve entidades públicas, organizações não governamentais e grupos de voluntários.

Os doentes que aqui se encontram vieram ao abrigo dos acordos de saúde celebrados com os PALOP: o país de destino (Portugal) acompanha os doentes a nível de saúde (consultas, tratamentos, operações, etc.) e o país de origem (Cabo Verde, Guiné Bissau, São Tomé e Príncipe, Angola e Moçambique) responsabiliza-se, através das embaixadas, pelo pagamento do alojamento, transporte e alimentação dos doentes.

Mas nem todas as embaixadas têm cumprido o estipulado, designadamente a da Guiné-Bissau e de São Tomé e Príncipe, de onde são originários os actuais residentes da Casa da Alegria.

"Alguns países não têm tido condições de disponibilizar o apoio social. Alguns doentes que saíram ficaram doentes outra vez, por falta desta retaguarda", admitiu a Alta Comissária.

Rosário Farmhouse sublinhou que os utentes acolhidos nestas casas são sujeitos a uma triagem rigorosa e obrigados a cumprir as regras (não podem faltar às consultas, têm de tomar os medicamentos, etc.), o que ajuda a evitar fraudes anteriormente descobertas, como "doentes" que pagavam às embaixadas para serem seleccionados.

"Este projecto tenta separar o trigo do joio. Se um hospital detectar que a situação não é assim tão grave deixa de fazer o acompanhamento. Se a rede funcionar bem, desmotiva os canais paralelos", salientou.

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