quinta-feira, maio 21, 2009

Só se ameaça o que existe, não é?

O Sindicato de Jornalistas (SJ) de Portugal desafiou (como se isso tivesse algum efeito prático) os partidos a encontrar uma solução para regulamentar a concentração dos media depois de o Presidente da República ter vetado a lei dita do pluralismo e não concentração de empresas de comunicação social.

"O Sindicato de Jornalistas desafia os partidos a procurar com urgência uma solução que ponha termo a um impasse que constrange a liberdade e prejudica a democracia", refere o organismo em comunicado hoje divulgado.

Ao contrário do que diz o SJ, não é o impasse que que "constrange a liberdade e prejudica a democracia". A liberdade já quase se finou e democracia para lá caminha porque, num Estado que de Direito tem muito pouco, a comunicação social é entendida como uma qualquer fábrica têxtil onde a quantidade produzida por cada operário é que conta.

Segundo o SJ, o veto do Presidente da República à lei dita do pluralismo e não concentração dos media representou o desperdiçar de uma oportunidade já que já existem níveis de concentração "excessivos".

É verdade. Mas se é isso que o Governo como dono da verdade quer, se isso não incomoda (antes pelo contrário) os donos do poder económico, aos operários fabris do jornalismo apenas resta vestir a farda e dizer “sim senhor”.

"O Sindicato dos Jornalistas considera que o poder político desperdiçou uma oportunidade decisiva para cumprir uma obrigação que a Constituição da República impõe - a regulamentação dos limites à concentração da propriedade dos média - e que vários partidos haviam assumido nos seus programas eleitorais", afirma.

Pois é. O SJ ainda é de bom tempo. Ainda acredita nos programas eleitorais dos partidos (fabricados nas “offshores” da venda de gato por lebre) e, mais grave, parece acreditar que alguma coisa vai mudar no sentido de ser restituída a liberdade de expressão e, com ela, ser recuperada essa profissão em vias de extinção, o Jornalismo.

A lei "é necessária e é urgente porque, ao contrário do que disse o patronato do sector, o Governo e muitos deputados têm afirmado, os níveis de concentração actuais são excessivos, ameaçam o pluralismo e a liberdade de expressão e de imprensa e empobrecem a democracia", acrescenta o sindicato.

O SJ só tem de ter (ainda mais) calma, esperar sentado e para mostrar algum trabalho ir dando uma no cravo e outra na ferradura. Isto porque, em breve, terá de reconhecer que não há ameaças ao pluralismo e à liberdade de expressão e de imprensa.


Só se ameaça o que existe, não é?

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