segunda-feira, junho 08, 2009

Ainda há quem julgue que as eleições
são remédio santo para todos os males

A Comissão Nacional de Eleições (CNE) da Guiné-Bissau garante que estão reunidas todas as condições para a realização das eleições presidenciais antecipadas, "no prazo e data" (28 de Junho) afixados pelo chefe de Estado.

Só mesmo um não-Estado pode, nas circunstâncias actuais, dizer tal coisa. E ao dizê-lo está, creio eu, a fazer uso da cobertura que certamente lhe está a ser dada pela comunidade internacional, nomedamente pela CPLP.

Como habitualmente, segundo os modelos políticos exportados pela Europa e aceites pelos guineenses, as eleições parecem ser o remédio miraculoso para todos os males. A Guiné-Bissau sabe, por dolorosa experiência própria, que não é assim. Mas se é assim que os financiadores determinam...

De acordo com o Presidente interino da Guiné, Raimundo Pereira, "Portugal é um parceiro privilegiado da Guiné-Bissau que é preciso cultivar".

Será? Portugal merece de facto esse estatuto de parceiro privilegiado? Não creio que mereça. Tal como os outros, Portugal continua, é certo, a mandar toneladas de peixe para a Guiné. No entanto, o que os guineenses precisam é de quem os ensine a pescar. E fazer eleições à pressa não é sinónimo de estabilidade.

Portugal continua, é certo, a mandar montes de antibióticos para a Guiné. Esquece-se, sobretudo porque tem a barriga cheia, que esses medicamentos só devem ser tomados depois de uma coisa essencial que os guineenses não têm: refeições.

Façam-se então eleições o mais rapidamente possível, mesmo sabendo que os guineenses vão votar com a barriga (vazia). Mesmo sabendo que votar nestas condições nunca será sinónimo de democracia. Mesmo sabendo que, desta forma, não tardará que estejamos todos a lamentar mais umas mortes violentas.

Imagem ximunada de
www.didinho.org

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