sexta-feira, junho 05, 2009

A CPLP continua a falar, a falar, a falar
enquanto os guineenses vão morrendo

Numa verdade ao estilo de “la Palice”, o secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, Domingos Simões Pereira, afirma que o que aconteceu hoje na Guiné-Bissau "não podia ser pior".

Poder podia... e se calhar ainda poderá acontecer um dia destes. Basta que, como até aqui, a CPLP e outros organismos similares (tipo ONU e UE) continuem a dormir na forma.

"Acho que não podia ser pior. Isto constituiu uma contrariedade muito forte nos desígnios da Guiné-Bissau e, com certeza, também da comunidade internacional que acompanha a situação", disse Domingos Simões Pereira, constatando factos e não cuidado de fazer uma auto-crítica à sua organização.

É que, na minha opinião, tanto é criminoso o que dispara a Kalashnikov como o que a forneceu, como o que permitiu que ela lá chegasse, como o que nada fez para que ela não fosse utilizada, como o que permitiu que a razão da força fosse (seja) mais importante do que a força da razão.

Com eleições presidenciais marcadas para o próximo dia 28 (entretanto já adiadas), a Direcção-Geral dos Serviços de Informação do Estado guineense anunciou ter inviabilizado uma tentativa de golpe de estado, tendo um candidato presidencial, Baciro Dabó, e um antigo ministro da Defesa, Hélder Proença, sido abatidos por militares, por "terem resistido às forças de segurança".

Quanto ao envio de um contingente militar estrangeiro (hipótese que tantos pruridos causa à CPLP), o secretário-executivo destacou que a Guiné-Bissau "é um Estado soberano que se rege por um conjunto de regras".

Estado quê? Conjunto de quê?

"Apesar dessas regras muitas vezes serem violadas, temos um interlocutor, que até prova em contrário é um interlocutor válido, que é o Governo e as outras instâncias de poder do país. Vamos ter que respeitar aquilo que nos dizem", destacou o secretário-executivo da CPLP num manifesto acto de cobardia perante os factos, embora politicamente correcto.

"Agora, numa reunião de avaliação da situação, se se entender que aquilo que antes foi declarado incompatível é hoje já aceitável, nós estaremos preparados para falar com o Governo e ver como equacionar" o apoio ao envio de um contingente militar estrangeiro, concluiu.

Muito bem. Continuemos a falar, tal como se fez depois das mortes, entre outras, do Presidente "Nino" Vieira e do chefe das Forças Armadas, Tagmé Na Waié.

Muito bem. Continuemos a falar, tal como se fez depois das mortes de Baciro Dabó, um dos candidatos às presidenciais, e de Hélder Proença, antigo ministro da Defesa.

Muito bem. Continuemos a falar... até porque as mortes não vão ficar por aqui.

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