«A justificação principal apresentada pelas autoridades angolanas para hoje deter, em Cabinda, o activista dos direitos humanos António Paca Pemba Panzo, foi a descoberta de que o economista e funcionário da Chevron consultava sites da internet considerados pelo regime como hostis ao governo de Luanda.
Entre eles está o Notícias Lusófonas e o blogue Alto Hama, do jornalista angolano-português e nosso colaborador, Orlando Castro.
Hoje, pelas cinco da manhã, cerca de 15 agentes da polícia entraram na residência de António Paca Pemba Panzo, sita no bairro “Quatro de Fevereiro”, cidade de Cabinda, para confiscar material de propaganda supostamente de carácter independentista.
Tal como fizeram em relação ao advogado e jurista Félix Sumbo, os polícias queriam encontrar camisolas que circulam em Cabinda e que apresentam na frente seis fotos de destacados activistas de Direitos Humanos, de colegas e irmãos detidos arbitrariamente em Cabinda, e nas costas a expressão "A Verdade nos Libertará".
Não encontraram as camisolas. Poderiam, aliás, fazer o que têm feito noutras ocasiões. Isto é, serem os próprios polícias a transportá-las e a dizerem depois que as encontraram na casa, ou no carro, dos supostos suspeitos.
Foi então que encontraram informações tiradas de “sites” da internet. Segundo a esposa de Paca Panzo, Antónia da Conceição Yele, os supostos documentos apreendidos “são artigos de informação e de opinião sobre a actual situação em Cabinda”.
Paca Panzo cometou o crime de estar atento ao que no mundo se escreve sobre a terra que ama, Cabinda. E entre essas informações estavam, segundo fontes próximas do detido, artigos publicados aqui no Notícias Lusófonas, na coluna que Orlando Castro aqui assina, o Alto Hama, bem como no seu blogue que tem o mesmo nome.
Paca Panzo é activista da Extinta Mpalabanda – Associação Cívica de Cabinda. Aderiu a esta Associação desde a sua criação, em 2003, e participou na elaboração de todos os relatórios da Mpalabanda sobre as violações dos Direitos Humanos em Cabinda.
Além disso, Paca Panzo destaca-se em Cabinda como um dos activistas que sempre se opuseram ao Memorando de Entendimento de Bento Bembe.
Nestas últimas semanas, tem-se registado cada vez mais perseguições e repressões bruscas sobre os antigos responsáveis da extinta Mpalabnda, tendo a censura e as detenções arbitraries entrado num periodo extremamente severo.
As condenações em todo mundo da detenção de destacados activistas dos Direitos Humanos em Cabinda e as iniciativas tendentes à sua libertação incondicional - campanhas e recolha de assinaturas – tem levado o regime a intensificar as intimidações, a repressão e as detenções arbitrárias, optando, sem ambiguidades, por uma política própria aos tempos do nazi-fascismo.»
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CABINDA LIVRE
CARLOS BRANDÃO
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