O Presidente do Senegal, Abdoulaye Wade, acusou hoje a Europa de sair de África, trocando-a pelo leste europeu e pela Ásia e previu que os africanos vão comprar bicicletas ao Brasil. Há verdades incómodas que, contudo, devem ser ditas.
"A Europa não vai vender mais nenhuma bicicleta a África porque as bicicletas do Brasil e da China são mais baratas", disse Wade durante uma mesa-redonda organizada em Dakar pelo Banco Africano de Desenvolvimento (BAfD) sobre a crise financeira e o seu impacto no continente.
Num discurso que o próprio definiu como "provocador", e por diversos vezes aplaudido numa sala que não estava cheia, Wade aludiu às exigências de visto de entrada na UE para os africanos - "e não para os do leste europeu" - para ilustrar o afastamento europeu.
O Senegal, prosseguiu,"é a mais antiga colónia (francesa) africana" mas os três grandes projectos actuais do país não são franceses nem europeus.
"Porquê? Porque a verdade é que a Europa se retira de África", considerou Wade, acrescentando: "Lamento muito mas acho que actualmente a Europa está a fechar as suas portas para África".
O Presidente do Senegal já tinha feito a mesma leitura na cimeira União Europeia-África realizada em Lisboa em 2007, mas hoje exortou os africanos a encontrarem uma solução para quebrar o isolamento.
"Abrindo-nos para a América Latina e para a Ásia, haverá uma solução e África vai ser um grande mercado", propôs Abdoulaye Wade.
Quanto a Portugal, por exemplo, há muito que eu desconfiva (e só desconfiava porque sou ingénuo) que o Uzbequistão é bem mais importante do que, por exemplo, a Guiné-Bissau.
Até no aspecto linguístico os portugueses estão muito mais próximos do Uzbequistão. É bem mais fácil os portugueses pronunciarem Tashkent do que Bissau, ou Shavkat Iromonovich Mirziyoev do que Carlos Gomes Júnior.
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