«O homem que mais trambiques cometeu nos últimos anos em Portugal, e que foi condenado por lesar o Estado em milhares de contos (e que mesmo assim ainda recebe chorudos subsídios e até verbas do QREN), faliu uma empresa que afinal não faliu e extinguiu um jornal que afinal não foi extinto e que mais logo regressa às bancas, com novas cores, e feito por jornalistas desportivos (suponho que a ganhar os mesmos ordenados - ou mesmo sem ganhar nenhum, já que ele não paga nada a ninguém desde Junho -, mas a fazer dois jornais).
O homem que há dias quis fechar à chave a porta da redacção do «Norte Desportivo», para não deixar entrar os responsáveis da Inspecção Geral do Trabalho que pretendiam visitar as duas redacções, é o novo director do "novo" jornal «O Primeiro de Janeiro».
A senhora que durante oito anos desempenhou o cargo de directora do "antigo" «Janeiro» ainda afirma, peremptória, que tem um projecto, e diz que este, dirigido pelo senhor que quis fechar a porta à Inspecção Geral do Trabalho, é só para um engodo para "escoar a publicidade", porque o seu projecto arranca em Setembro. Diz-se ainda muito ofendida - e desiludida - com os 14 que foram "despedidos", porque estes lhe tinham dito que sem ordenados não podiam trabalhar, e agora se apresentam diariamente na redacção.
Um grupo de jornalistas expulsos da redacção do «Janeiro» de forma mais aviltante e ilegal que se possa imaginar escuda-se no silêncio para conseguir um tacho no jornal que há-de abrir, o tal do projecto...»
In http://mentedespenteada3.blogspot.com/
3 comentários:
O Orlando sabe que o admiro. Que o admirei sempre. Pela qualidade do que escreve, pela lisura do seu carácter, pela seriedade inabalável do seu discurso, pela capacidade de entrega à profissão e às coisas em que acredita, pelo calor humano que transmite num simples telefonema ou e-mail, pela lealdade para com os sérios, os bons do mister. É com uma enorme vaidade que me vejo citada neste espaço. É também com um grande, grande obrigada que agradeço tudo o que tem escrito sobre os que não viraram a cara à luta. Disse certo dia Voltaire que "ninguém cometeu erro maior do que aquele que não fez nada porque apenas podia fazer muito pouco". O pouco que fizer, fa-lo-ei com garra e empenho. Aos que a nós se associam neste triste episódio, muito obrigada por tudo.
Honra forjada
A administração do Primeiro de Janeiro acaba de despedir de forma ilegal mais de 30 jornalistas que compunham os quadros e construíam, diariamente, cada edição daquele matutino feito à custa da persistência.
Num dia, os jornalistas, com salários em atraso (vergonha escondida com convites ao despedimento), escreviam aquelas que – mais tarde viriam a saber – seriam as suas derradeiras peças para a publicação do histórico jornal portuense.
No dia seguinte, eram informados de que estavam despedidos, sem que lhes fosse entregue a carta de despedimento, sem que a lei fosse respeitada, sem que o respeito por profissionais com mais de uma década de dedicação fosse tido em consideração.
Trata-se de mais uma manobra vergonhosa de uma Administração que adoptou a ilegalidade como seu estilo de vida. Ilegalidade praticada por debaixo dos olhos das autoridades, que fingem não ver.
Sentença sem direito a recurso? É a hora do tudo ou nada. É hora de saber quais são os limites da impunidade.
Seria fastidioso enumerar os capítulos da fraude que pauta as estratégias desta Administração. Como exemplos, a contratação de profissionais brasileiras para a área comercial, transformando-as em prostitutas, até que estas percebiam qual a sua verdadeira ‘profissão’.
Não menos célebre (‘célebre’ para quem não fecha os olhos) é caso da fraude do porte-pago, sistema que roubou o Estado, com falsos envios de jornais para receber os benefícios estatais: um funcionário dos Correios procedia a um envio-fantasma de jornais para assinantes-fantasma...
Estes dois estratagemas acabam por transformar este despedimento colectivo da redacção de o Primeiro de Janeiro num simples arranhão de um gato amestrado. Mas este arranhão coloca no desemprego 30 membros de famílias.
As conhecidas dificuldades das empresas são compreensivas, tão compreensiva como a necessidade de encurtar os quadros. Mas o modo como se ‘resolveu’ o problema do mar de dívidas do ‘Janeiro’ foi hediondo: sem respeitar a dignidade de profissionais dedicados, enganando-os com um sarcástico ‘Até para a semana’.
‘Até para a Semana’ é o título de um editorial, no qual a directora do ‘Janeiro’ explica esta “reestruturação”. Foi assim que lhe chamaram: “Restruturação”. No dia do derradeiro número antes da “reestruturação”, falava-se no fim do jornal, enganava-se o proletário honrado, sério e humilde com uma promessa de regresso.
Previa-se uma paragem de um mês. Mas o sarcástico ‘Até para a Semana’ cumpriu-se: uma semana depois, o ‘Janeirinho’ regressa, escrito pela redacção de O Norte Desportivo, toda ela com grande experiência nas áreas Política, Económica e Social.
Ao mesmo tempo que a redacção de um desportivo preenchia páginas de um jornal com sentença de morte, 30 jornalistas enfrentavam o destino da vida, proibidos de entrar nas instalações do jornal a que pertencem e com o qual têm contrato. Um segurança ‘trancava’ as portas da vergonha.
Voltamos ao ‘Até para a Semana’, tentando encontrar no riso um agasalho para a revolta: “São difíceis os dias que atravessamos. Mas é na adversidade que sobressai o carácter dos indivíduos. O nosso jornal é forjado na honra, da defesa dos princípios de liberdade, de cidadania, de serviço para com o público, que tão generosamente nos acompanha. (...) Fazemos falta. Temos o nosso espaço nesta geografia de gente (...) que encara as dificuldades como oportunidades de fazer melhor (...). Quantas vezes nos querem fazer invisíveis. Mas nós existimos”.
“A todos, amigos, colaboradores, assinantes, anunciantes e leitores, que nos têm acompanhado e por nós esperam, um obrigado do tamanho que não cabe nestas linhas.
A todos estendemos as mãos. De todos recebemos abraços. A todos até para a semana”, diz o editorial da FALTA DE VERGONHA.
Quem abraça esta gente? Quem lhes estende a mão? Que amigos? Que existência? Que visibilidade? Que falta fazem? Que generosidade? Que cidadania? Do editorial da vergonha, só uma verdade: honra forjada.
Os profissionais do Norte Desportivo foram chamados a apagar os fogos – eles são experientes nesta matéria, porque desde que este jornal renasceu, foram engolidos pelas chamas.
O Norte Desportivo é um projecto falhado, uma ausência de ideias e de conteúdos, uma máquina de lavar dinheiro, que vive à custa de receitas... inexistentes. Um jornal sem tiragem, sem publicidade, sem leitores. Também, nesta subpublicação, “ilegalidade” é palavra de ordem.
Os jornalistas sem contrato são obrigados a refugiar-se no Leblon – café próximo da redacção – quando os inspectores de trabalho fingem que fazem o seu trabalho. O verbo ‘fingir’ aplica-se porque a lei não é cumprida.
Os profissionais do Norte Desportivos também são vítimas. Têm salários em atraso e estão proibidos de pronunciar certas palavras. Calam no silêncio a ira que sentem, porque a alternativa é o desemprego. Aguardam pela remuneração do seu empenho, desesperam pela constante insensibilidade.
São eles que “na adversidade” terão de fazer sobressair “o carácter dos indivíduos”... O Janeiro, que regressa às bancas com o lema de sempre – “Todos os dias, há 140 anos” – caminha para o fim. Devagar, mas sem recuos.
Honra forjada
A administração do Primeiro de Janeiro acaba de despedir de forma ilegal mais de 30 jornalistas que compunham os quadros e construíam, diariamente, cada edição daquele matutino feito à custa da persistência.
Num dia, os jornalistas, com salários em atraso (vergonha escondida com convites ao despedimento), escreviam aquelas que – mais tarde viriam a saber – seriam as suas derradeiras peças para a publicação do histórico jornal portuense.
No dia seguinte, eram informados de que estavam despedidos, sem que lhes fosse entregue a carta de despedimento, sem que a lei fosse respeitada, sem que o respeito por profissionais com mais de uma década de dedicação fosse tido em consideração.
Trata-se de mais uma manobra vergonhosa de uma Administração que adoptou a ilegalidade como seu estilo de vida. Ilegalidade praticada por debaixo dos olhos das autoridades, que fingem não ver.
Sentença sem direito a recurso? É a hora do tudo ou nada. É hora de saber quais são os limites da impunidade.
Seria fastidioso enumerar os capítulos da fraude que pauta as estratégias desta Administração. Como exemplos, a contratação de profissionais brasileiras para a área comercial, transformando-as em prostitutas, até que estas percebiam qual a sua verdadeira ‘profissão’.
Não menos célebre (‘célebre’ para quem não fecha os olhos) é caso da fraude do porte-pago, sistema que roubou o Estado, com falsos envios de jornais para receber os benefícios estatais: um funcionário dos Correios procedia a um envio-fantasma de jornais para assinantes-fantasma...
Estes dois estratagemas acabam por transformar este despedimento colectivo da redacção de o Primeiro de Janeiro num simples arranhão de um gato amestrado. Mas este arranhão coloca no desemprego 30 membros de famílias.
As conhecidas dificuldades das empresas são compreensivas, tão compreensiva como a necessidade de encurtar os quadros. Mas o modo como se ‘resolveu’ o problema do mar de dívidas do ‘Janeiro’ foi hediondo: sem respeitar a dignidade de profissionais dedicados, enganando-os com um sarcástico ‘Até para a semana’.
‘Até para a Semana’ é o título de um editorial, no qual a directora do ‘Janeiro’ explica esta “reestruturação”. Foi assim que lhe chamaram: “Restruturação”. No dia do derradeiro número antes da “reestruturação”, falava-se no fim do jornal, enganava-se o proletário honrado, sério e humilde com uma promessa de regresso.
Previa-se uma paragem de um mês. Mas o sarcástico ‘Até para a Semana’ cumpriu-se: uma semana depois, o ‘Janeirinho’ regressa, escrito pela redacção de O Norte Desportivo, toda ela com grande experiência nas áreas Política, Económica e Social.
Ao mesmo tempo que a redacção de um desportivo preenchia páginas de um jornal com sentença de morte, 30 jornalistas enfrentavam o destino da vida, proibidos de entrar nas instalações do jornal a que pertencem e com o qual têm contrato. Um segurança ‘trancava’ as portas da vergonha.
Voltamos ao ‘Até para a Semana’, tentando encontrar no riso um agasalho para a revolta: “São difíceis os dias que atravessamos. Mas é na adversidade que sobressai o carácter dos indivíduos. O nosso jornal é forjado na honra, da defesa dos princípios de liberdade, de cidadania, de serviço para com o público, que tão generosamente nos acompanha. (...) Fazemos falta. Temos o nosso espaço nesta geografia de gente (...) que encara as dificuldades como oportunidades de fazer melhor (...). Quantas vezes nos querem fazer invisíveis. Mas nós existimos”.
“A todos, amigos, colaboradores, assinantes, anunciantes e leitores, que nos têm acompanhado e por nós esperam, um obrigado do tamanho que não cabe nestas linhas.
A todos estendemos as mãos. De todos recebemos abraços. A todos até para a semana”, diz o editorial da FALTA DE VERGONHA.
Quem abraça esta gente? Quem lhes estende a mão? Que amigos? Que existência? Que visibilidade? Que falta fazem? Que generosidade? Que cidadania? Do editorial da vergonha, só uma verdade: honra forjada.
Os profissionais do Norte Desportivo foram chamados a apagar os fogos – eles são experientes nesta matéria, porque desde que este jornal renasceu, foram engolidos pelas chamas.
O Norte Desportivo é um projecto falhado, uma ausência de ideias e de conteúdos, uma máquina de lavar dinheiro, que vive à custa de receitas... inexistentes. Um jornal sem tiragem, sem publicidade, sem leitores. Também, nesta subpublicação, “ilegalidade” é palavra de ordem.
Os jornalistas sem contrato são obrigados a refugiar-se no Leblon – café próximo da redacção – quando os inspectores de trabalho fingem que fazem o seu trabalho. O verbo ‘fingir’ aplica-se porque a lei não é cumprida.
Os profissionais do Norte Desportivos também são vítimas. Têm salários em atraso e estão proibidos de pronunciar certas palavras. Calam no silêncio a ira que sentem, porque a alternativa é o desemprego. Aguardam pela remuneração do seu empenho, desesperam pela constante insensibilidade.
São eles que “na adversidade” terão de fazer sobressair “o carácter dos indivíduos”... O Janeiro, que regressa às bancas com o lema de sempre – “Todos os dias, há 140 anos” – caminha para o fim. Devagar, mas sem recuos.
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