Muitos (supostos) jornalistas portugueses, curiosamente quase todos em cargos de chefia e ou direcção (o que convertido naquilo com que se compram os melões marca uma substancial diferença), estão do lado do seu Governo.
Nada mais natural. Aliás, se eu estivesse por mérito ou por qualquer outra razão, num desses lugares (quase sempre vitalícios em termos de remuneração) talvez defendesse a mesma tese. Não é certo que fizesse, mas admito a dúvida.
Recordo-me, por exemplo, de em Novembro de 2006 Paulo Baldaia (então chefe de Redacção do Jornal de Notícias) ter dito que alguns jornalistas “alegam, por exemplo, que são uma classe mal paga, esquecendo que 10% da população ganha menos de 500 euros, esquecendo que os centros de saúde e as consultas nos hospitais estão carregados de gente que vive a contar os tostões”.
O tempo veio dar razão ao Paulo Baldaia. E a prova disso é que passou a director da TSF e certamente estão-lhe reservados outros altos cargos na estrutura da Nação.
Paulo Baldaia dizia nessa altura que “o que é preciso é que o Serviço Nacional de Saúde seja melhor para todos os portugueses e isso só se consegue poupando nos subsistemas que tanto agradam aos que deles beneficiam - eu e restantes jornalistas incluídos”.
E para que o Serviço Nacional de Saúde seja melhor, nada mais adequado do que o nivelar por baixo. Ou seja, o que importa não é acabar com os pobres mas, isso sim, com os ricos. Não havendo ricos... seremos todos iguais – pobres.
Uns mais pobres do que outros, é certo. Tal como os jornalistas. Uns ganham (várias, muitas) centenas de contos por mês e a maioria pouco mais de uma centena. E ainda há os que não ganham nada. Sendo que a maioria e estes últimos são, é claro, um paradigma de uma classe privilegiada.
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