segunda-feira, maio 04, 2009

Arquitectura lusa e o deserto do Namibe

A arquitecta Cristina Salvador venceu o IV Prémio Fernando Távora com um projecto de investigação no Deserto do Namibe, em Angola, anunciou hoje, em Matosinhos (Porto, Portugal), a Ordem dos Arquitectos/Secção Regional Norte.

Ao prémio - que consiste na atribuição de uma bolsa de viagem de cinco mil euros, para a melhor proposta de viagem de investigação apresentada - candidataram-se este ano 30 projectos de arquitectos inscritos na Ordem.

Nascida em 1947, Cristina Salvador propõe-se visitar os espaços do Deserto do Namibe, partindo de Luanda até à cidade de Namibe (antiga Moçâmedes) e daí por estrada até ao Tombwa, perto de Njambasana, onde fica a sede do CE.DO - Centro de Estudos do Deserto, que será a "base" da viagem.

A proposta vencedora, intitulada "Diário do Deserto - Namibe 2009", obteve a unanimidade do júri.

Na sua proposta, Cristina Salvador afirma que "o espaço do Deserto do Namibe, as fronteiras entre o Deserto e os assentamentos, entre o Deserto e o Mar, a travessia, o encontro e as trocas entre comerciantes e pastores e, por outro lado, o encontro e a troca de pesquisas antropológicas, económicas e espaciais, possíveis através do CE.DO" são o motivo da sua investigação.

"Na preparação da viagem, pensei em Nietzsche e na forma como remete o tema do deserto para o vazio, para o desconhecido, no vazio de que temos uma poderosa necessidade de "encher" com a nossa própria presença, de o dominar. Pensei também no simbolismo do Deserto e nos mitos com ele relacionados, tais como o burro (ou camelo) - animais do deserto (também eles niilistas?) - que carregam com fardos até ao fim do deserto", afirma a candidata vencedora.

Atribuído anualmente, este Prémio pretende homenagear e perpetuar a memória do arquitecto Fernando Távora, falecido em 2005, que influenciou sucessivas gerações de arquitectos, deixando a sua marca pessoal na conhecida "Escola do Porto".

A actividade de Fernando Távora enquanto arquitecto e pedagogo consolidou, em Portugal e no estrangeiro, em sucessivas gerações, a ideia de que o conhecimento da história e da cultura são indispensáveis para a produção da arquitectura contemporânea.

Desde estudante e durante toda a sua vida, Fernando Távora viajou incessantemente para estudar "in loco" a arquitectura de todas as épocas em todos os continentes, utilizando-a desde 1958 até 2000, como conteúdo e método da sua actividade pedagógica.

O Prémio Fernando Távora surge de uma parceria entre a Câmara de Matosinhos, através do Centro de Documentação Álvaro Siza, e a Ordem dos Arquitectos/Secção Regional Norte, no âmbito da promoção da Arquitectura Contemporânea Portuguesa.

A artista plástica Helena de Almeida presidiu ao júri do IV Prémio Fernando Távora, constituído por Arnaldo Saraiva (Faculdade de Letras) e pelos arquitectos João Luís Carrilho da Graça, Sérgio Fernandez e Ana Maio (esta última em representação da Ordem dos Arquitectos/Secção Regional Norte).

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