O líder do CDS-PP, Paulo Portas, criticou hoje os gastos dos restantes partidos na campanha portuguesa para as eleições europeias, acusando-os de "esbanjamento" e de ignorarem os pedidos de contenção do Presidente da República.
Não percebo, nem eu nem os milhares de desempregados, nem eu nem os milhares de portugueses que como eu são de segunda (todos aqueles que não do PS), as críticas de Paulo Portas. E não percebemos porque todos sabemos que a crise é só para alguns.
Todos sabemos que o único pão que, quando cai ao chão, tem sempre a manteiga virada para baixo, é o dos pobres.
"Uma campanha eleitoral não é um circo. E isto, a meu ver, é esbanjamento. O PSD vai gastar 2,2 milhões de euros, o PS 1,5 milhões de euros, o PCP 1,2 milhões de euros, o Bloco de Esquerda 800 mil euros, o CDS metade disso. Só os partidos do 'centrão', juntos, são quase quatro milhões de euros. E a seguir às europeias vêm as legislativas e as autárquicas...", disse, no final de uma visita ao Centro de Interpretação da Batalha de Aljubarrota.
E o que são tantos milhões de euros quando em Portugal poucos têm milhões e milhões têm cada vez menos? É a democracia. Neste caso concreto, alguém está a ver Vital Moreira, Paulo Rangel & Cª preocupados com os desempregados, com os pensionistas, com os candidatos a desempregados, com os candidatos a um emprego precário?
Para Paulo Portas, "os portugueses estão justamente enfurecidos pelo facto de, estando Portugal na situação económica e social em que está, havendo meio milhão de desempregados, havendo tantas pequenas empresas com dificuldades para fazer pagamentos no fim do mês e havendo uma crise muito funda", só o CDS ter decidido por "uma campanha austera, sem um único gasto a mais, por respeito à situação do país e dificuldades das pessoas".
Bem pode pregar Paulo Portas que ninguém o vai ouvir. Se calhar, o CDS/PP acredita que Portugal é um Estado de Direito. Mas como não é, não adianta dizer aos portugueses que se ele comer dois frangos e eu nenhum, em média comemos um frango cada um.
O que adianta é o que o primeiro-ministro anda a dizer. E hoje, por exemplo, voltou a propagandear as suas políticas sociais, o complemento solidário para idosos, que abrange 200.000 pessoas que tinham rendimentos abaixo do limiar da pobreza, os medicamentos genéricos gratuitos para idosos com rendimentos inferiores ao salário mínimo e o alargamento da rede de cuidados continuados integrados, uma “falha” do Serviço Nacional de Saúde que está a ser colmata.
Espero, entretanto, que os idosos tenham ouvido bem, apesar das inerentes dificuldades auditivas em função da idade, o que o primeiro-ministro disse. Ou seja: “Diz-me como tratas os teus idosos, dir-te-ei se tens justiça e solidariedade na tua sociedade”.
É que se ouviram já sabem, pelo menos, em quem não devem votar.
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