O primeiro-ministro português, José Sócrates, diz hoje no Jornal de Notícias, que "só considera um cenário de maioria absoluta" nas eleições legislativas deste ano, adiantando que pronunciar-se sobre "um plano B" enfraquece as aspirações do Partido Socialista.
E tem razão. Sócrates assume que quer acabar, na qualidade de dono e senhor absoluto do reino, o trabalho que ficou por fazer nesta legislatura, nomeadamente – digo eu – o domínio total (directa ou indirectamente) da comunicação social.
Sócrates afirma que "a última coisa de que o país necessita é somar uma crise política a uma crise económica", esclarecendo com todas as palavras que só o poder absoluto lhe interessa, nem que isso signifique, como disse António Barreto, ser “a mais séria ameaça contra a liberdade, contra a autonomia das iniciativas privadas e contra a independência pessoal que Portugal conheceu nas últimas três décadas”.
"Eu não adapto o discurso em função das circunstâncias [estaria a lembrar-se de António Guterres?]. Não pedimos uma maioria absoluta com o objectivo de ter mais poder, mas para servir melhor os portugueses. O País precisa de um governo que se preocupe com o interesse geral, que não fique refém de ninguém, de um interesse particular, de interesses corporativos por mais respeitáveis que sejam", sublinha o primeiro-ministro.
E para o sublinhar é porque crê que ainda há gente que acredita nele. E é claro que os portugueses de primeira (os que são deste PS) até fingem – por conveniência própria – acreditar que não é para ter mais poder que José Sócrates quer a maioria absoluta.
Relativamente ao "caso" Manuel Alegre, o chefe do Governo desdramatiza, esclarecendo que "as críticas leais e frontais são sempre positivas e inspiradoras".
Isso é que era bom! Para o soba (sem ofensa para os verdadeiros) português, as críticas só são “leais, frontais e inspiradoras” se tiverem sido previamente visadas pelas comissão de censura, perdão – comissão política, perdão – por ele próprio.
José Sócrates defende que "o bloco central é uma ilusão” e que “a melhor forma de responder aos problemas do País é com uma maioria absoluta do PS".
Não é exactamente isso que os portugueses de segunda (todos aqueles que não são deste PS) pensam. Estes estão cada vez mais convencidos que este PS não é uma solução para o problema mas, isso sim, um problema para a solução.
É claro que os portugueses de segunda podem mudar de opinião. Quanto mais são obrigados democraticamente a pensar com a barriga (vejam-se todos os dias as filas nos centros de emprego), mais tentados são a dizer ámen ao dono e senhor das ocidentais praias lusitanas.
1 comentário:
Brilhante. Mais uma página do seu jeito de ser jornalista. O homúnculo vai ficando a saber ( teima em ser repelentemente ignorante) que o Jornalismo é a palmatória talhada de um ramo de oliveira. O Jornalismo quando representado por JORNALISTAS e não por "administrativos" à busca dos sorrizinhos do Poder, é algo que nos faz orgulhosos da profissão que nos dá o pão e a honra. Amigo Orlando, e mais uma vez, obrigado. Jaime de Saint Maurice
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