quinta-feira, maio 06, 2010

«Aerograma», livro de Afonso Loureiro

«Aerograma», o livro sobre a vida de um expatriado em Angola, será lançado este ano. O autor, Afonso Loureiro, é engenheiro geógrafo e viveu e trabalhou em Angola, país cuja vivência foi partilhando, tentando perceber e explicar como são os angolanos e as suas tradições aos olhos dos estrangeiros.

O título do livro é uma palavra envolta em cores e memórias africanas e remete de imediato para o sentimento de separação e partida para uma terra desconhecida e distante, ao mesmo tempo que simboliza uma união com os que ficaram em casa, como o foi para os milhares de militares mobilizados para a guerra ultramarina de há quatro décadas.

Ao longo de dois anos escreveu artigos diários no blogue Aerograma, que agora são usados como matéria-prima para um livro onde traça o seu percurso em Angola, descrevendo o país e as suas gentes ou revisitando memórias de quem lá viveu antes. O choque cultural sofrido em Luanda, cidade difícil, ainda a sofrer as consequências sociais da guerra civil, com corrupção generalizada e uma verdadeira lei da selva a reger os comportamentos dos seus habitantes é uma parte substancial da obra.

Embondeiros e candongueiros, mais-velhos e marcas de outros tempos, lado-a-lado com a tentativa de compreender Angola como país enchem as páginas com factos, histórias e lendas, criando uma imagem do que é a vida na Angola actual.

Mais do que uma descrição, é uma tentativa de perceber o que há em África e, em especial Angola, que enche as memórias de milhares de portugueses de forma tão marcante.

Na opinião do jornalista e escritor (e também colunista cá da casa) Orlando Castro, “Angola é um país sobre o qual todo o mundo escreve”, mas – arescenta – “para sentir o seu quotidiano, nomeadamente mas não só o de Luanda, nada melhor do que ler o blogue e certamente em breve o livro de Afonso Loureiro”.

Orlando Castro cita, a propósito, uma passagem de um dos textos publicado no Aerograma, na circunstância com o título “Editorais nervosoas”: “Uma coisa é ter liberdade para escrever o que se quiser. Outra coisa bem diferente é abusar dessa liberdade para insultar ou ofender gratuitamente. O caso ainda é mais grave devido à associação entre o Jornal de Angola e o Estado. Um porta-voz oficioso não pode comportar-se assim. A não ser que aquilo não seja para ser levado a sério”.

“Sendo os textos do blogue a matéria-prima do livro de Afonso Loureiro, não tenho a mínima dúvia em afirmar que se tratará de um marco relevante e incontornável da literatura angolana, queiram ou não os arautos das verdades oficiais “, afirma Orlando Castro, acrescentando que “certamente através do livro, como acontece com o blogue, os leitores percebem a razão pela qual amar Angola é algo que se sente mas não se define. ”.

In: Notícias Lusófonas
http://www.noticiaslusofonas.com/view.php?load=arcview&article=26593&catogory=Cultura

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