Façam os leitores do Alto Hama um favor patriótico a Portugal, se quiserem deixar de ser portugueses de segunda (todos aqueles que não são deste PS). Porque são cada vez mais os que passam fome, já não é caso para dizer comam e calem, mas apenas para dizer calem-se.
Este PS, tal como este governo de Portugal, é useiro e vezeiro nas práticas de, democraticamente, não ouvir os interessados e só responder ao que lhe interessa. Os seus amigos são bestiais, todos os outros são bestas.
Também é verdade, diga-se em abono da verdade, que quando toca a ouvir todos aqueles que sabe estarem de acordo, o Governo e este PS não hesitam.
E têm razão. Para quê ouvir os que são contra, os que têm opiniões diferentes? Sim para quê? Esse é um luxo só utilizado nos Estados de Direito dos quais, cada vez mais, Portugal se afasta, se é que alguma vez esteve lá.
Se José Sócrates sabe que a sua equipa é dona da verdade, não vê necessidade democrática de auscultar seja quem for. E faz muito bem. Só assim Portugal conseguirá aproximar-se cada vez mais dos mais evoluídos países do norte de... África.
José Sócrates sabe, como sabe a maioria dos políticos lusos, que os portugueses são – citando Guerra Junqueiro – “um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas”.
José Sócrates sabe, como sabe a maioria dos políticos lusos, que os portugueses são – citando Guerra Junqueiro – “um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta”.
José Sócrates sabe, como sabe a maioria dos políticos lusos, que em Portugal existe – citando Guerra Junqueiro – “uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não discriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na política sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos”.
José Sócrates sabe, como sabe a maioria dos políticos lusos, que em Portugal existe – citando Guerra Junqueiro – “um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do País”.
Entretanto, alguns portugueses (não tantos quanto o necessário) sabem que – citando Guerra Junqueiro – Portugal tem “partidos sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, vivendo do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se malgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar”.
Eis porque, dizem-me alguns (certamente com razão e sem citarem Guerra Junqueiro), sou uma besta. Com coluna, mas besta. Passaria a bestial se a coluna fosse amovível, eu sei. Que chatice! Não é.
E é por tudo isto que são cada vez mais os portugueses que não conseguem, ou não querem, comer gato por lebre e dizem que na política portuguesa há cada vez mais criminosos a viver à custa dos imbecis dos portugueses.
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