sábado, maio 08, 2010

As banalidades de Mawete João Baptista
como se em Cabinda tudo estivesse bem!

O primeiro secretário do Comité do MPLA na colónia angolana de Cabinda, Mawete João Baptista, exortou hoje as entidaddes religiosas no sentido de primarem pelas quastões espirituiais, visando a preparação e elevação da consciência moral e cívica da população.

“Elevação da consciência moral e cívica da população”? Estará Mawete João Baptista a pensar, entre outros, em Raul Tati, Francisco Luemba, Belchior Lanzo Tati, Barnabé Paca Pezo, Andre Zeferino Puati, José Benjamin Fuca?

O político do MPLA destacado para a colónia de Cabinda fez esta exortação no encontro com reverendos e pastores de diferente religiões, adiantando que na sua conduta o pastor deve ter o cuidado com as questões que lhe possam trazer contradições, combatendo as tendências discriminatórias, tribais, regionais, bem como a desconfiança que, na sua opinião, enfraquecem a nação.

Nação, como diria o homólogo português de José Eduardo dos Santos, de “Cabinda ao Cunene”?

A única forma de não enfraquecer a nação é falar verdade. E essa, quer queira ou não Mawete João Baptista, José Eduardo dos Santos ou Aníbal Cavaco Silva, diz-nos que Cabinda não é Angola.

Para Mawete João Baptista, as igrejas têm o papel mobilizador visando a promoção da amizade, a união entre os crentes, no seio das famílias, o combate contra a violência, de modo a que as populações possam viver em harmonia.

Será para que possam viver em harmonia que o regime colonial de Angola trata em condições execráveis, entre outros, em Raul Tati, Francisco Luemba, Belchior Lanzo Tati, Barnabé Paca Pezo, Andre Zeferino Puati, José Benjamin Fuca?

Recorde-se, entretanto, o que o padre Jorge Casimiro Congo foi recentemente dizer ao Parlamento Europeu (Bruxelas), a convite da eurodeputada socialista Ana Gomes e, certamente, à revelia do grande amigo de Eduardo dos Santos que dá pelo nome de José Sócrates.

Dizendo o que aprendeu com o falecido bispo do Porto, D. António (“diante de Deus, de joelhos; diante dos homens, de pé”) o padre Jorge Casimiro Congo lamentou a posição do Governo português de condenar apenas o que classificou como um ataque terrorista durante a Taça das nações Africanas (CAN), afirmando que “Portugal é o último a falar, não deve ser o primeiro a falar” sobre o enclave.

Se as verdades ajudassem a reduzir o défice português, as que foram ditas pelo padre Congo, não só por serem históricas mas sobretudo actuais, o ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, estaria bem da vida e não haveria necessidade de nenum Programa de Estabilidade e Crescimento.

Mas não ajudam. Desde logo porque, da Presidência de República portuguesa ao governo, passando pelo Parlamento e pelos partidos, ninguém sabe o que é, da facto e de jure, Cabinda. Para quase todos, a história de Portugal só começou a ser escrita em Abril de 1974, ou até mais tarde, pelo que – como diz Cavaco Silva – “Angola vai de Cabinda ao Cunene”.

“Portugal é que é o culpado do que acontece em Cabinda. Não nos aceitou, traiu-nos”, disse o padre Congo, referindo-se ao processo de descolonização de Angola que deu de mão beijada e de cócoras o poder ao MPLA e, como se isso não fosse suficiente, rasgou os acordos que tinha asumido com o povo de Cabinda.

Optimista quanto ao futuro, sobretudo porque sabe que o seu povo nunca será derrotado porque nunca deixará de lutar, o padre Congo disse ainda ter esperança de que no futuro haja “governos portugueses com mais calma para ver este problema”, porque acredita “que há partidos que começam a levantar a cabeça” e surgirão figuras que fiquem “acima de quaisquer negociatas, de petróleo, ou de mão-de-obra que tem de ir para Angola”.

É claro que não houve nenhuma reacção oficial de Portugal às acusações do padre Congo. Uns porque entendem (e talvez bem) que quem manda no país é cada vez mais o clã Eduardo dos Santos; outros porque entendem que se o MPLA virar a rota e passar a investir noutro lado lá vão ao charco alguns grandes negócios; outros ainda porque se estão nas tintas para a honorabilidade de um Estado de Direito.

Estado de Direito que Angola não é e que Portugal é cada vez menos.

1 comentário:

Dino Calei disse...

muito bem é so mesmo assim que nos vamos abrir os olhos