Bento VXI está em Portugal. Milhares e milhares de cidadãos olham para o Papa com esperança em alguma coisa. Provavelmente desejam o mesmo que outros povos: saúde, trabalho, comida e paz.
O reino lusitano volta agora aos seus velhos três efes: Futebol, Fátima e Fado. Os portugueses estão com cada vez mais dificuldades em ter comida (20% são pobres, outros 20% têm a pobreza a bater à porta e são 700 mil os desempregados), mas alimentam o espírito com esses três efes.
E enquanto isso, o governo lá os vai obrigando a pagar mais impostos, a apertar ainda mais o cinto, a engrossar o desemprego, a aumentar a miséria. Mas, é verdade, louvados sejam os pobres de espírito.
Quanto ao Papa Bento XVI, que como todos os elementos da Igreja Católica tem pelo menos três refeições por dia, lá vai dizendo algumas verdades, embora saiba que as palavras leva-as o vento.
O Papa faz o diagnóstico, muitas vezes com precisão, mas depois tudo volta ao normal, ou seja, o doente morre pouco depois. Diagnóstico sem medicação é mais ou menos como uma guitarra sem cordas.
Lembram-se, por exemplo, do que disse o Papa em Angola no dia 20 de Março do ano passado? Vejamos: considerou essencial para uma “democracia civil moderna” o “respeito e promoção dos Direitos Humanos”, um “Governo transparente”, uma “magistratura independente”, uma comunicação social “livre” e “acabar de uma vez por todas com a corrupção”.
Mais de um ano depois deste diagnóstico, qual é o resultado? Tudo na mesma. Louvados sejam os pobres de espírito.
Nessa altura, em Luanda, o Papa disse nas entrelinhas que era essencial tudo aquilo que Angola não tinha e que continua sem ter.
Num encontro com as autoridades políticas e civis angolanas e com o corpo diplomático no Palácio Presidencial da capital do país, o Papa afirmou o mesmo que disse hoje em Portugal: que chegou o tempo da esperança.
Bento XVI juntou aos citados requisitos para construir uma “democracia civil moderna” uma “administração pública honesta, uma rede de escolas e de hospitais que funcionem de modo adequado e a firme determinação, radicada na conversão dos corações, de acabar de uma vez por todas com a corrupção”.
Louvados sejam os pobres de espírito. Até porque há coisas que a Igreja Católica não vê, outras que não quer ver, muitas que vê mas silencia... também ela a bem de uma nação em que poucos têm milhões e milhões pouco mais têm do que fé.
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