Provavelmente será o ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e Pescas, Afonso Canga, quem representará Angola na cimeira que começa amanhã em Brasília e que, numa iniciativa inédita do Governo de Lula da Silva, visa declarar guerra à fome, e na qual estarão presentes ministros africanos, incluindo todos os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa - PALOP.
Será que, em abono da verdade e da tão proclamada (embora ainda não vista) transparência, Afonso Canga vai reconhecer que 68% (68 em cada 100) dos angolanos são gerados com fome, nascem com fome e morrem pouco depois com fome?
Será que vai reconhecer que 45% das crianças angolanas sofrerem de má nutrição crónica, sendo que uma em cada quatro (25%) morre antes de atingir os cinco anos?
Será que vai reconhecer que Angola estava, em 2008, na posição 158 no “ranking” que analisa a corrupção em 180 países, e, em 2009, passou para a ... 162?
Será que vai reconhecer que a dependência sócio-económica a favores, privilégios e bens é o método utilizado pelo MPLA (no poder desde 1975) para amordaçar os angolanos?
Será que vai reconhecer que 80% do Produto Interno Bruto é produzido por estrangeiros; que mais de 90% da riqueza nacional é privada e foi subtraída do erário público e estar concentrada em menos de 0,5% de uma população?
Será que vai reconhecer que o acesso à boa educação, aos condomínios, ao capital accionista dos bancos e das seguradoras, aos grandes negócios, às licitações dos blocos petrolíferos, está limitado a um grupo muito restrito de famílias ligadas ao regime no poder?
Não. Afonso Canga tem mais com que se preocupar. Aliás, é pago para defende os interesses dos poucos que têm milhões e não, obviamente, dos milhões que têm pouco ou nada.
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