O embaixador da República Árabe Saaraui Democrática (RASD) para Timor-Leste, Mohamad Slama Badi, salientou hoje a importância comum do 20 de Maio, a data da criação da Frente Polisario e da restauração da independência timorense.
Será que alguma vez as autoridades timorenses vão dizer alguma coisa sobre a causa de Cabinda? Vão. Um dias destes, quando a cobardia internacional, com Portugal à cabeça, deixar de ser moeda de troca com o petróleo, chegará a vez de Cabinda, território ocupado por Angola desde a descolonização portuguesa.
“Temos muitas coisas em comum, incluindo a importância da data de 20 de Maio. É importante para nós porque é a data em que celebramos o nascimento da Frente Polisario e para vocês porque comemoram a restauração da independência”, sublinhou o diplomata.
Recordam-se de o Grupo de Apoio ao Tibete ter manifestado o seu “profundo desagrado” por o presidente de Timor-Leste ter “endossado a legitimidade da soberania chinesa” sobre aquele território, acusando José Ramos-Horta de desconhecer a “mais elementar história tibetana”?
É natural que Ramos-Horta não saiba a história do Tibete. Se, por exemplo, os mais altos representantes políticos de Portugal nada conhecem, ou fingem não conhecer, da história do seu país, é natural que o presidente timorense também seja ignorante nesta, como noutras, matérias
Em comunicado, a organização não governamental manifestou em Fevereiro deste ano a o seu “profundo desagrado relativamente a várias afirmações proferidas” pelo actual Presidente de Timor-Leste, por ocasião dos 70 anos sobre a entronização do Dalai Lama.
Em declarações à Agência Lusa, Ramos-Horta disse então que a principal virtude do Dalai Lama é ser contra qualquer acto de violência no Tibete, mas que a admiração pelo líder tibetano “não retira legitimidade à soberania chinesa em relação ao Tibete”.
A política de manutenção de tachos é mesmo assim. Por alguma razão o homólogo português de Ramos-Horta, Aníbal Cavaco Silva, também afirma que Angola vai de Cabinda ao Cunene, apesar de saber bem que Cabinda não faz parte de Angola.
Ao dar cobertura e ao ser conivente, como acontece com a China em relação ao Tibete, com as violações que o regime angolano leva a efeito contra o povo de Cabinda, Cavaco Silva está a prestar um mau serviço, sobretudo a Portugal.
Para além do Tibete, não seria mau que Portugal olhasse para Espanha e Angola para Marrocos. Ou seja, para a questão do Saara Ocidental, antiga colónia espanhola anexada em 1975 após a saída dos espanhóis, como parte integrante do reino de Marrocos que, entretanto, propõe uma ampla autonomia sob a sua soberania, embora excluindo a independência. Pelo contrário, a Frente Polisário, apoiada sobretudo pela Argélia, apela à realização de um referendo, em que a independência seria uma opção.
Mas, um dia destes ainda vamos ver Cavaco Silva e Ramos-Horta, entre muitos outros, entre quase todos, a dizer que devido a uma mudança no contexto geopolítico, Cabinda não é Angola e o Tibete não é China.
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