segunda-feira, maio 31, 2010

Sindicato dos Jornalistas não deixa por mãos
alheias furtos feitos por deputado socialista

O Conselho Deontológico (CD) do Sindicato dos Jornalistas portugueses decidiu solicitar audiências a todos os grupos parlamentares da Assembleia da República e apresentar queixa ao Provedor de Justiça contra o deputado Ricardo Rodrigues.

Cabe ao CD acreditar (embora, creio, sem grande convicção) que Portugal é um Estado de Direito. Só com base nessa utopia se compreende uma tal iniciativa. Mas, como não custa tentar...

A decisão visa "sensibilizar os partidos políticos com assento no parlamento para a tentativa de limitar a liberdade de expressão e o direito de informar", para além de expressar uma frontal oposição a quaisquer actos que configurem restrições à liberdade de comunicação e que se constituíam como "equivalentes funcionais" à censura tradicional.

Como se os deputados estivessem preocupados com as limitações da liberdade de informar... Eles sabem, e o CD também, que não adianta tapar o sol com uma peneira, desde logo porque muitos do meios de comunicação social são dirigidos à revelia de qualquer princípio ético e deontológico do jornalismo.

O comunicado do CD recorda que Ricardo Rodrigues furtou dois gravadores aos jornalistas Fernando Esteves e Maria Henrique Espada, ao serviço da revista “Sábado”, no decurso da entrevista que lhes concedeu, na sala da biblioteca da Assembleia da República, em 30 de Abril.


Recorde-se que Ricardo Rodrigues, deputado do Partido Socialista, vice-presidente do Grupo Parlamentar e membro do Conselho Superior de Segurança Interna de Portugal, apadrinhado por Francisco Assis e Sérgio Sousa Pinto, sob a erudita égide de José Sócrates, escreveu – reconheça-se - mais uma sublime página da língua portuguesa.

Assim, o verbo furtar passa a ser cunjugado de forma diferente desde ontem (ver Deputado rouba gravadores a jornalistas - É o Portugal socialista ao seu melhor nível): No presente, o verbo furtar passa a conjugar-se da seguinte forma: eu tomo posse, tu tomas posse, ele toma posse, nós tomamos posse, vós tomais posse, eles tomam posse.

Aliás, de há muito que Ricardo Rodrigues tenta destronar a relevância mediática do seu colega, igualmente erudito, Augusto Santos Silva, sobretudo quando o país começou a ver que político açoriano se destacava nos anais do anedotário nacional, tanto na versão parlamentar como na anedótica.

E de tal forma o consegiu que, hoje, já nenhum ladrão reconhece que roubou mesmo quando apanhado em flagrante delito. Todos dizem que não furtaram... apenas tomaram posse.

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