O administrador delegado da Media Capital garantiu hoje no Parlamento que a empresa nunca recebeu queixas de membros do Governo português em relação ao Jornal de Sexta da TVI, que foi cancelado em Setembro do ano passado.
Utilizando a mesma estratégia do líder do PS e primeiro-ministro (estavam a pensar que iria falar do deputado Ricardo Rodrigues que não furta gravadores aos jornalistas mas apenas “toma posse” deles?), falta saber se foi enquando administrador que não recebeu queixas... ou se foi enquanto cidadão.
"Nunca recebemos queixas [em relação ao Jornal de Sexta, coordenado e apresentado por Manuela Moura Guedes] de algum membro do Governo português", afirmou hoje Manuel Polanco na comissão de inquérito parlamentar ao plano da Portugal Telecom para comprar a TVI.
Provavelmente, tal como José Sócrates, enquando administrador Manuel Polanco não mentiu. Enquanto cidadão, por sinal administrador, não se sabe. Digam lá que não é uma boa estratégia?
Se, quando lhe convém, José Sócrates é primeiro-ministro e, quando não convém, é apenas cidadão, Manuel Polanco limita-se a seguir a regra do chefe do governo do reino lusitano.
Manuel Polanco acrescentou que chegaram à TVI "muitas queixas" de telespectadores, da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) e do Conselho Deontológico do Sindicato dos Jornalistas.
"A queixa que mais nos 'apertou' foi a da ERC", disse, lembrando que o organismo tem o poder de revogar a licença da TVI.
Não sei, como é óbvio, se a ERC ou o Sindicato dos Jornalistas estavam, neste caso, ao serviço do Governo. Como não sei por onde andava o administrador e o cidadão Manuel Polanco quando, publicamente, José Sócrates despejava carradas de ódio e de críticas contra o Jornal de Sexta da TVI.
O administrador delegado (e não o cidadão Manuel Polanco) referiu ainda que tanto no Conselho de Administração da Media Capital como na TVI "nunca ninguém disse que se sentia pressionado por membros do Governo".
Manuel Polanco deve estar a falar verdade. As queixas poderão ter sido feitas pelo cidadão José Sócrates e não pelo primeiro-ministro José Sócrates. E se assim foi, é verdade que os membros do Governo não pressionaram.
Questionado pelo deputado do PCP João Oliveira sobre se as críticas públicas do primeiro-ministro teriam sido tidas em conta na decisão de cancelar o Jornal de Sexta, Manuel Polanco respondeu que "nunca".
Acredito. João Oliveira errou ao formular a pergunta. É que as críticas públicas não foram feitas pelo primeiro-ministro José Sócrates mas, note-se a diferença, pelo cidadão José Sócrates.
Entre outras coisas que, como a própria Comissão, pouco interessam aos portugueses, ela visa "apurar se o senhor primeiro-ministro disse a verdade ao Parlamento, na sessão plenária de 24 de Junho de 2009", quando referiu que não tinha sido informado sobre o negócio.
E não tinha sido informado, como é óbvio. Quem tinha sido informado foi o cidadão José Sócrates.
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