domingo, maio 23, 2010

Ludgero Marques em Maio de... 2001

O presidente da Associação Empresarial de Portugal (AEP), Ludgero Marques, afirmou em Faro que o pleno emprego em Portugal "está a encher o país, as empresas e o Estado de incompetentes".

Falando no final da reunião do Conselho Superior Consultivo da AEP, o dirigente associativo criticou a tendência para o desemprego "zero", nomeadamente na Função Pública.

"À medida que as pessoas não têm competência para resolver problemas, criam mais empregos, à espera que alguém resolva, porque outros não souberam resolver", considerou, sustentando que a Administração Pública "está a criar incompetentes à medida que cria empregos".

"Se aceitamos que há 4% de desemprego e a economia não cresce é porque a produtividade está baixa, porque o emprego não permite mais emprego, portanto criou incompetência", frisou, afiançando que "os 100 mil a 150 mil funcionários públicos a mais que há no país foi resultado de uma situação destas".

O presidente da AEP criticou as prioridades estratégicas da política económica do Governo, nomeadamente no que respeita à política de formação, asseverando que "Portugal investiu bem nos investimentos estratégicos mas desperdiçou dinheiro na Educação".

"Num momento em que estamos a perder competitividade a única forma de a recuperarmos é voltar a ter a educação de base que perdemos", advogou, aduzindo que o termo "paixão" adaptado à Educação, invocado pelo Governo, está mal aplicado e deveria ser substituído pelo termo "racionalidade".

"A Educação que temos não está de acordo com um país moderno, quando importamos mão-de-obra cuja qualificação é muito superior à qualificação que durante 10, 15 anos tentaram fazer em Portugal", afirmou.

Reconhecendo que alguns empresários gastam o dinheiro de forma supérflua, não o investindo no aparelho produtivo, lamentou que o Estado não dê o exemplo de boa gestão.

"Nós mudamos as administrações das empresas quando elas não cumprem os objectivos, mas aí somos nós que pagamos. No caso dos dinheiros públicos são os eleitores que respondem", sublinhou.

Afirmou que "não é com estas políticas que têm sido anunciadas que se pode incentivar a economia portuguesa e o investimento estrangeiro", aduzindo, a propósito, a reforma fiscal, que alegadamente pôs em fuga do país os capitais nacionais e estrangeiros.

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