O Sindicato dos Jornalistas e Técnicos da Comunicação Social são-tomense (SJS) acusou hoje o ministro de tutela, Carlos Gomes, de mover acções persecutórias contra jornalistas e de "tentativa para decapitar o sindicato", segundo revela a Lusa.
Creio que, também nesta matéria e embora com uma actuação mais musculada e menos diplomática, mas igualmente eficiente, o ministro de São Tomé revela-se um bom aluno dos mestres portugueses, sobretudo do seu mais erudito mestre dos mestres, Augusto Santos Silva.
Victor Correia, presidente do SJS, aproveitou o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, proclamado pela UNESCO em 1993, e que hoje se comemora, para denunciar uma série de problemas que reflectem o mau relacionamento entre o sindicato e a tutela da comunicação social.
Em Portugal, tal como acontecerá em São Tomé, já se passou a fase do mau relacionamento. O governo lavrou a sentença e só depois quis fingir que ouvia as partes. Resultado, os jornalistas continuam a ter de comer e calar. Os que não se calam... não comem.
"Tudo isso revela, de facto, a má vontade do ministro em colaborar com o Sindicato, revela uma intenção implícita em decapitar o Sindicato", disse Victor Correia, demitido há cerca de dois meses do cargo de director do gabinete de estudos e planeamento, estando actualmente no desemprego.
Não fora a questão de, tal como em Portugal, não ser possível viver sem comer, e estar no desemprego até seria uma honra.
"Todos devem estar recordados da polémica invasão e praticamente expulsão de um técnico do seu gabinete sem prévio conhecimento", lembrou o líder sindical num episódio do qual o ministro foi protagonista.
"Se hoje nos pronunciamos sobre tudo isso, é porque estávamos a dar tempo ao ministro para que ele tomasse a iniciativa de falar, dialogar connosco", justificou.
Ora aí está. Em São Tomé como em Portugal, os jornalistas ainda são ingénuos ao ponto de pensarem que o ministro iria dialogar. Isso está bem nos Estados de Direito...
Victor Correia afirma que as expectativas abertas com os discursos iniciais do ministro Carlos Gomes sobre a melhoria das condições laborais e de vida dos profissionais da imprensa estão a ser defraudadas.
Lembrou, a propósito "uma célebre reunião" convocada pelo ministro Carlos Gomes com os directores e assessores. "Nessa reunião a primeira informação que o ministro nos deu é que os directores e assessores estavam todos suspensos e demitidos das suas funções. Assim sem mais nem menos".
É exactamente um fac-símile da actuação típica dos mestres portugueses. O diálogo começa por pôr na rua, por demitir, por castigar todos aqueles que pensam de maneira diferente. Continua depois com a entrada dos que têm coluna vertebral amovível.
Victor correia denunciou ainda a intenção do titular da comunicação social de ilegalizar todos os jornais publicados no arquipélago.
Nas ocidentais praias lusitanas não é o ministro que directamente ilegaliza os jornais. Há chefes do posto com uma missão similar (não ilegalizam mas acabam).
O Sindicado aproveitou também a oportunidade para denunciar comportamentos de alguns profissionais que "têm promiscuidade com políticos de dirigentes" a troco de benesses.
Neste caso é igualzinho ao que se passa no reino lusitano. Todos a monte, com ou sem presarvativo, com ou sem vaselina, e fé nos donos dos jornalistas e nos donos dos donos dos jornalistas.
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