sábado, maio 08, 2010

Charros, imperiais e... gravadores

Eu sei que o dia hoje não está grande coisa. Chuva e frio não são bons atributos para manifestações. Mas, mesmo assim, esperava que fosse uma enchente.

Então não é que apenas – segundo a Lusa - cerca de cem pessoas marcharam hoje no centro de Lisboa pela legalização da marijuana, defendendo um "comércio regulado" e o "respeito pela liberdade" individual?

Mesmo assim, Pedro Pombeiro, porta-voz da Marcha Global da Marijuana (MGM) de Lisboa, deixou o recato do pombal e defendeu que "legalizar permite criar regras, vender em locais próprios, a maiores de idade, fiscalizar".

Nem mais. E convenhamos que se Ricardo Rodrigues, deputado do Partido Socialista, vice-presidente do Grupo Parlamentar e membro do Conselho Superior de Segurança Interna, pode furtar (ele chama-lhe “tomar posse”) gravadores a jornalistas, também é justo que quem quiser possa comprar, pelo menos numa primeira fase, marijuana.

A ilegalização "é um desperdício de recursos que ao mesmo tempo não respeita a liberdade das pessoas de escolherem fazer uma coisa que não faz pior do que muitas outras que são legais", argumentou, e muito bem, Pedro Pombeiro.

Se calhar faz muito mais mal à humanidade ter Ricardo Rodrigues como deputado, vice-presidente do Grupo Parlamentar socialista e membro do Conselho Superior de Segurança Interna, e a verdade é que ele continua por aí impávido e sereno.

"Enquanto consumidores, achamos que era bom contribuirmos com impostos para um comércio legal e regulado, em vez de estarmos na clandestinidade, na ilegalidade porque decidimos fumar charros em vez de beber uma imperial", exemplificou Pedro Pombeiro.

É isso aí. Se uns podem beber sem problemas umas dúzias de imperiais, finos ou cervejas, se até se pode afanar gravadores sem problemas, porque carga de chuva não é possível fumar uns charros?

Cá para mim, o ideal até seria fazer tudo ao mesmo tempo: fumar uns charros, beber umas imperiais, roubar uns gravadores e ser deputado.

Jovens de ambos os sexos, alguns a fumarem charros, transformaram os guarda-sóis do quisoque do Jardim da Mãe d'Água em guarda-chuvas improvisados enquanto preparavam a saída da marcha.

Um homem sobre andas e uma réplica gigante da folha da cannabis eram adereços que se destacavam acima dos guarda-chuvas abertos dos cerca de cem manifestantes, um número avançado à Lusa pela PSP, que acompanhou a marcha.

Transportados pelos manifestantes, que tinham como destino o Largo Camões, sobressaíam também cartazes com dizeres como "Proibição não é solução" ou "O tráfico é contra a legalização da cannabis, e você?".

Acrescente-se que, apesar de por lá terem estado diversos jornalistas, nenhum deles ficou sem gravadores...

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