O secretário-geral do PS, José Sócrates, propôs hoje, formalmente, o apoio dos socialistas portugueses à candidatura presidencial de Manuel Alegre. “O PS é um partido de responsabilidade” e “não se abstém” perante as principais decisões, afirmou José Sócrates, citado por um dos presentes na reunião da Comissão Nacional do PS.
A digestão poderá não ser fácil, mas não há nada que uns tantos “enos” não resolvam. E, de facto, para digerir tantos sapos, bem é preciso uma dose industrial. Quer para o secretário-geral do PS, quer para o próprio candidato.
Em tempos, no auge da poética frase “a mim ninguém me cala”, Manuel Alegre escreveu num artigo de opinião publicado no jornal Público, intitulado "Contra o medo", que era contra "a confusão entre lealdade e subserviência" que, segundo o agora candidato presidencial socialista e apoiado (oficialmente) pelo PS, se verificam no Governo de José Sócrates.
Como diria outro poeta, mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. É a política “made in Portugal”.
"Há um clima propício a comportamentos com raízes profundas na nossa História, desde os esbirros do Santo Ofício até aos bufos da PIDE", escreveu Manuel Alegre, acusando o Partido Socialista de "auto-amordaçar-se".
Pois foi assim. A partir de agora Manuel Alegre deixará de falar dos “esbirros do Santo Ofício até aos bufos da PIDE", passando a elogiar a democracia e o sentido patriótico de José Sócrates e companhia... embora limitada.
Tão limitada que, por exemplo, o presidente da Federação Socialista de Setúbal considera que o PS deveria dar “liberdade de voto” aos militantes.
Acontece que, para a actual direcção, Vítor Ramalho e muitos outros militantes que fazem do silêncio a melhor arma, nada valem. Bem disse o presidente do PS, Almeida Santos: “Se não votamos em Manuel Alegre, votamos em quem?”
Manuel Alegre bem foi perguntando ao longo do tempo à "gente que passa, por que vai de olhos no chão. Silêncio — é tudo o que tem, quem vive na servidão”. E na servidão vivem muitos socialistas.
É claro que quando a servidão é relativa aos outros é um defeito abominável, no entanto, quando é a favor dos nossos é uma das mais nobres qualidade.
Enquanto isso, o outro candidato à Presidência da República, Fernando Nobre, afirmou “não estar nada preocupado” com o apoio do PS ao seu adversário Manuel Alegre, sustentando que “é uma decisão esperada”.
“Não estou minimamente preocupado com o apoio do PS a Manuel Alegre e não tenho a mínima dúvida que muitos militantes socialistas vão votar em mim, até porque alguns presidentes de câmaras já tomaram posição pública, assim como líderes concelhios e coordenadores de juventudes socialistas”, afirmou Fernando Nobre.
Só falta saber se esses socialistas que já assumiram o apoio a Fernando Nobre não vão dar o dito por não dito, seguindo aliás uma velha tradição socialista que remonta ao tempo em que até o socialismo foi metido numa gaveta.
O candidato presidencial referiu estar “confiante” pois acredita que a população portuguesa em geral vai saber escolher o candidato que “mais lhe transmite confiança, esperança e que lhes pode permitir traçar novos rumos”.
Fernando Nobre parece esquecer-se de quanto vale a trituradora máquina socialista que, como não olha a meios para atingir fins... tudo vai fazer para esmagar os que pensam de forma diferente do chefe.
Começa a ser confrangedor o culto ao chefe por parte dos socialistas, embora se saiba que já há muitos a dar sinais de que a todo o momento (basta o chefe deixar de o ser) podem mudar de barricada.
Mas, mais uma vez, é difícil entender como é que socialistas inteligentes continuam de cócoras. Mas que continuam, isso continuam.
1 comentário:
Boa noite,
Com a falta de 'espinha dorsal' a que nos habituaram, o trabalho de sapa - que já se adivinhava - só podia dar neste número de circo de engolidores de sapos!
E, mesmo um sapo barbudo, eles engolem, porque são da estirpe dos que comem tudo... e não deixam nada...!
Que comam os sapos todos! Por mim... nem perninhas de rã!
Mete-me nojo!
Abraço
César Ramos
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