sábado, maio 29, 2010

Jornalistas lusos escrevem livro
para ajudar crianças guineenses

Quarenta jornalistas portugueses da televisão, rádio e jornais juntaram-se para dar vida a um livro que pretende ajudar crianças vítimas de tráfico humano na Guiné-Bissau.

Não sei quem são mas, fazendo fé no jornalista que, pela segunda vez, avança com a ideia – Luís Castro -, o sucesso deve estar garantido.

A minha “admiração” profissional por Luís Castro vem do tempo, recente (Setembro de 2008) , quando foi enviado da RTP (estação que, tal como a sua congénere angolana, tem de prestar serviço ao Estado) a Angola.

Nesses trabalhos, Luís Castro descobriu, o que só revela um aturado trabalho jornalístico, que – entre outras pérolas - “Há muito para contar”, que “Angola está em obras”, que “Maiores bancos portugueses estão em Angola e têm lucros significativos”, que “Milhares de portugueses procuram oportunidades em Angola” e que “Estas são as primeiras eleições em 16 anos”.

Certamente por deficiência minha, nunca o vi dizer ao mundo que mais de 68% da população angolana vivia (como ainda hoje vive) em pobreza extrema e que a taxa estimada de analfabetismo era, como ainda é, é de 58%.

Certamente por deficiência minha, nunca o vi dizer ao mundo que mais de 90% da riqueza nacional privada foi subtraída do erário público e está concentrada em menos de 0,5% da população.

Certamente por deficiência minha, nunca o vi dizer ao mundo que a dependência sócio-económica a favores, privilégios e bens, o cabritismo, é o método utilizado pelo MPLA para amordaçar os angolanos.

Certamente por deficiência minha, nunca o vi dizer ao mundo que o silêncio de muitos, ou omissão, se deve à coação e às ameaças do partido que está no poder há 35 anos.

Certamente por deficiência minha, nunca o vi dizer ao mundo que a corrupção política e económica era, como é e continuará a ser, utilizada contra todos os que querem ser livres.

Certamente por deficiência minha, nunca o vi dizer ao mundo nada de substancialmente diferente do que o apresentado pelo Jornal de Angola, pela TPA ou pela RNA, correias de transmissão do regime angolano liderado desde a independência pelo MPLA.

Mas, em síntese, quem é bom... é bom. Por alguma razão (foto) o Luís Castro foi condecorado pelo Estado Maior do Exército português com a medalha de D. Afonso Henriques. Creio, aliás, que as próprias Forças Armadas de... Angola poderiam fazer o mesmo.

Regressando ao assunto essencial, a Guiné-Bissau, espero que pelo menos tenham o decoro de ter conviado o Carlos Narciso. Convidado para escrever, já que medalhas não são com ele. As muitas que tem estão no coração. No dele, e foram lá colocadas pelos Jornalistas que - como ele - não têm coluna vertebral amovível...

1 comentário:

Anónimo disse...

Meu caro Orlando Castro.
Quando omitimos parte da história, a visão sobre a mesma sai deturpada.
Esqueceu-se de dizer que em 2001 fui expulso de Cabinda e de Angola.
Terá sido por andar a contar mentiras?
E quando em 1999, a minha reportagem sobre a guerra foi para o "ar" contra a vontade do Futungo?
Cumps
Luís Castro