O Secretário de Estado da Saúde de Portugal, Manuel Pizarro, chegou hoje a Luanda para o reforço da cooperação na área dos programas de saúde pública existentes entre os dois países.
Cooperação? Talvez, quem sabe. Por alguma razão, no passado dia 16 de Março, o embaixador cubano em Angola anunciou o envio de mais 200 médicos cubanos para reforçar a assistência à população.
Manuel Pizarro disse, em declarações à imprensa, que a sua visita a Angola visa também dar início a um processo de geminação entre hospitais portugueses e angolanos.
Segundo o Secretário de Estado da Saúde português, vai ser igualmente analisada com as autoridades sanitárias angolanas uma cooperação na área do hospital pediátrico, em que Portugal pode apoiar com meios técnicos, com destaque para a cirurgia cardíaca. No hospital pediátrico de Luanda existem cerca de mil crianças com problemas cardíacos a necessitarem de intervenção cirúrgica.
Tudo isto numa altura em que 1 300 profissionais da saúde, entre médicos, enfermeiros e farmacêuticos, espalhados por 70 municípios angolanos, são cubanos.
Isto já para não falar que a nível do ensino existem no país mais de 600 docentes cubanos, nas Universidades Agostinho Neto e privadas, ou que foram abertas escolas de medicina com o apoio de profissionais cubanos nas províncias de Benguela, Cabinda, Huíla, Huambo e Malanje.
Ou, ainda, que 100 estudantes angolanos preparam-se para efectuar o curso de medicina em Cuba, onde já se encontram 108.
Porque não sei se estes serão dados que o Manuel Pizarro transporta na bagagem, eles aqui ficam:
Angola é um dos países lusófonos com maior taxa de mortalidade infantil e materna e de gravidez na adolescência;
Em cada mil crianças nascidas em Angola, 131 morrem antes de atingir o primeiro ano de vida, a taxa mais elevada entre os países lusófonos e de toda a África Austral;
Enquanto a esperança de vida à nascença aumentou em muitos países de África, a mesma continua abaixo dos 50 anos em Moçambique, Angola e Guiné-Bissau;
De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), numa escala de 0 a 100, Angola apresenta um índice de desigualdade entre ricos e pobres de 58,6, os mais pobres (perto de 70% da população) têm uma taxa de consumo de 0,6 por cento enquanto a dos ricos é de 44,7 por cento;
45% das crianças angolanas sofrem de má nutrição crónica, uma em cada quatro (25%) morre antes de atingir os cinco anos;
76% da população vive em 27% do território, mais de 80% do Produto Interno Bruto é produzido por estrangeiros; mais de 90% da riqueza nacional privada foi subtraída do erário público e está concentrada em menos de 0,5% de uma população.
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