quinta-feira, abril 02, 2009

Curar o pai dando antibióticos ao filho?

O governo e o PAIGC, como mandam os manuais, condenaram de forma categórica a agressão ao antigo primeiro-ministro guineense e presidente do Tribunal de Contas, Francisco Fadul, que foi duramente espancado por um grupo de 15 homens fardados e armados.

Também uma coisa abstracta, a que se chama comunidade internacional, condenou. No entanto, Francisco Fadul e a família passaram por duros momentos.

Todos, sobretudo os que estão do lado de fora, parecem acreditar que há um remédio milagroso para a crise na Guiné-Bissau. Chama-se eleições.

E, no contexto do país, as eleições são mais ou menos como querer curar uma ferida no pai dando antibióticos ao filho. Mas se é isso que a tal entidade abstracta quer...

É claro que, na Guiné como em qualquer outro país, as armas falam mais alto e, novamente, o poder militar toma conta do país e impõe as suas regras. Os guineenses têm duas opções: ou aceitam... ou aceitam.

A Liga Guineense dos Direitos Humanos da Guiné-Bissau, LGDH, acusou os militares de pretenderem instaurar um regime ditatorial no país. Se calhar essa ditadura será apenas a continuação do que já existia.

Cá para mim, a estratégia de Portugal e da CPLP ainda é a melhor. Ou seja, o melhor é esperar que sejam assassinados mais alguns dirigentes guineenses. Desde logo porque os militares até estão a ser benevolentes, tendo apenas agredido Francisco Fadul quando o poderiam ter morto.

Portanto, nada de precipitações. Esperemos todos calmamente. Quando forem mortos mais alguns altos dirigentes do país, então sim, chegará a altura de assumir as responsabilidades. Se é que alguém as vai assumir.

Creio, entretanto, que tanto a CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) como a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) devem fazer uma nova cimeira num dos acolhedores e bons hotéis... de Cabo Verde, para analisar a situação na Guiné-Bissau!

Sim, que de barriga vazia e sem condições ninguém encontra boas soluções.

Eleger um novo presidente da República, ao que parece será no dia 28 de Junho, só é meio caminho andado para que o escolhido seja deposto ou assassinado. Enquanto não se for à raiz do que está mal, a eleição poderá ser mais um problema para a solução do que uma solução para o problema.

Não adianta, porque a casa mete água, substituir o telhado sem cuidar de ver que o problema está nas paredes ou até mesmo nos alicerces. A comunidade internacional teima em impor modelos políticos ocidentais sem ver se, de facto, eles são aplicáveis no país.

Não adianta enviar toneladas de antibióticos para os doentes se, antes, não se criarem outras condições basilares. É que se estes medicamentos são para tomar depois das refeições, é relevante saber se os doentes têm alguma coisa para comer.

Alguém se preocupou em saber qual é o ponto de vista dos guineenses, dos que são gerados com fome, nascem com fome e morrem pouco depois com fome?

Não. A comunidade internacional quer apenas dormir descansada depois, é claro, de algumas boas refeições. Para isso quer eleições, como se eles fossem só por si sinónimo de democracia. E é por estas e por outras similares que os votos geram ditadores e que as supostas democracias têm o poder que lhes é dado pelos canos das metralhadoras.

1 comentário:

Anónimo disse...

como guineense estou totalmente de acordo com vocé sr.Orlando,penso que tal chamado cumunidade internacional espera so quando alguem more e depois condena na guine isto nao funciona,acordo que eles chegaram na cidade da praia de enviar contingente militar para desarmar todos estes sanguinario curupto sem formaçao acho é urgente esta,os guineense agradeseria muito...
Abraço.