Sendo certo que a Administração da BBC têm muito a aprender com algumas das suas congéneres portuguesas, também é verdade que muitos dos (supostos) jornalistas portugueses têm tudo a aprender com os seus colegas que trabalham para a empresa britânica.
A greve de jornalistas da BBC marcada para amanhã, contra o plano de redução de custos da estação pública, foi desconvocada depois de prolongadas negociações.
O plano de redução de custos, anunciado pelo director-geral da estação britânica, Mark Thompson, deveria ser aplicado nos próximos três anos e previa cortes orçamentais de 425 milhões de euros através de medidas como o despedimento de 1.200 trabalhadores.
Em risco estavam sobretudo os jornalistas da BBC ligados à secção do sul da Ásia e da Escócia.
O protesto promovido pela União Nacional de Jornalistas (UNJ), depois das ameaças de despedimentos na empresa, mobilizou milhares de jornalistas para uma greve que ameaçava parar totalmente as emissões de televisão, rádio e as notícias online nos dias 3 e 9 de Abril.
Ao que parece e contrário dos seus colegas das ocidentais praias lusitanas, a maioria dos jornalistas britânicos não tem coluna vertebral amovível e, como se isso não fosse suficiente, tem o que em Portugal é (cada vez mais) raro: tomates.
Os progressos alcançados nas negociações entre a UNJ e a administração da BBC, que concordou em não levar a cabo os anunciados despedimentos compulsivos, justificaram o cancelamento da greve nos dois dias.
Através de e-mail, o secretário-geral da UNJ, Jeremy Dear, anunciou que a BBC fez a seguinte declaração: "Confirmamos que neste momento esperamos poder negociar com os trabalhadores cortes voluntários e transferências, para que não seja necessário recorrer a despedimentos".
"No entanto, a BBC reitera que não pode garantir que não haja despedimentos compulsivos no futuro. A BBC continuará a fazer todos os esforços para encontrar soluções através de cortes voluntários e deslocação de pessoas".
O responsável da UNJ acrescentou ainda que as conversações continuarão e que está agendada nova reunião com a administração a 20 ou 21 de Abril para fazer o balanço da situação.
Se houver na altura ameaças de despedimentos, a UNJ reserva-se o direito de avançar com novas formas de luta, acrescentou.
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