Se, como diz um velho provérbio português, os amigos do meu amigo meus amigos são, então o democrata e defensor dos direitos humanos em Darfur, Omar el-Béchir (presidente do Sudão) é amigo do primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates, via Hugo Chávez de quem é amigo.
De facto, certamente para também lhe oferecer um Magalhães, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, convidou o presidente sudanês, sobre quem pende uma ordem de detenção do Tribunal Penal Internacional (TPI), para visitar o país.
O convite de Chávez está a gerar polémica porque, segundo por exemplo a Conferência Episcopal da Venezuela, coloca os venezuelanos “fora do mundo global em que vivemos”.
O convite de Hugo Chávez a Omar el-Béchir, que o TPI considera responsável por crimes contra a humanidade, foi feito durante a II Cimeira da América do Sul e Países Árabes (ASPA), que se realizou em Doha, capital do Qatar.
Hugo Chávez descreveu como “uma aberração jurídica e um atropelo político não só para o Sudão, mas para todos os povos do terceiro mundo” a emissão de uma ordem de captura contra o seu homólogo sudanês e questionou, com toda a lógica – acrescente-se -, “por que é que esse tribunal não persegue o George W. Bush, que é um genocida que governou os Estados Unidos durante oito anos e que mandou bombardear o Iraque”.
Os juízes do TPI emitiram a 4 de Março um mandado de captura contra El-Béchir por crimes de guerra e crimes contra a humanidade em Darfur, oeste do Sudão, palco desde 2003 de uma guerra civil, da qual segundo a ONU já resultaram mais de 300 mil mortos.
Os países árabes, como os da União Africana (UA), que inclui 53 Estados membros, pronunciaram-se contra o mandado de captura do TPI e tentaram que o Conselho de Segurança da ONU suspendesse o julgamento com base no estatuto de Roma que rege o funcionamento do TPI.
A Venezuela é um dos países que assinaram o Estatuto de Roma, que serviu de base para a criação do TPI.
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