quarta-feira, maio 06, 2009

“Angola, Terra Prometida”

A jornalista e escritora Ana Sofia Fonseca lança hoje, em Lisboa, o livro "Angola, Terra Prometida", uma espécie de grande reportagem sobre os últimos 25 anos da Luanda colonial, com base em depoimentos sobre o dia-a-dia dos que lá viviam.

Segundo a autora, actualmente com 30 anos e que entrou para o jornalismo há cerca de dez, a ideia de falar de Luanda ("a cidade de asfalto", como lhe chama), nos anos 50, 60 e 70 do século XX, surgiu das suas "inquietações" enquanto jornalista atraída pela Revolução de Abril de 1974 e por Angola.

"Acho Angola um país fascinante, onde tudo, para o bem e para o mal, é muito forte. Por outro lado, sempre fui ouvindo e sobretudo nestes anos de profissão de jornalismo, várias histórias de pessoas que vieram de Angola. (…). Eu quis saber mais", disse à Agência Lusa.

E explica-se: "Quis perceber como é que tanta gente poderia dizer 'Foram os melhores anos da minha vida", numa terra em que ao mesmo tempo havia guerra e em que a esmagadora maioria da população estava fora desta redoma dourada, que seria a cidade de asfalto".

Para escrever as mais de 300 páginas do livro, Ana Sofia esteve dois anos a fazer pesquisa em arquivos portugueses, onde passou a pente fino todo o tipo de publicações da época, sobretudo jornais e revistas.

Depois iniciou o trabalho de campo, também em Portugal, tendo recolhido o grosso dos 80 depoimentos ou "histórias de vidas" que integram o livro. Esteve com pessoas que faziam questão em lhe contar o dia-a-dia que levavam em Luanda, afirmando sem hesitação que "foram os melhores anos" das suas vidas mas também encontrou outras que lhe diziam já não se lembrar de nada, pois passaram 30 anos a tentar esquecer esses tempos.

"Por exemplo, Sara Chaves, uma cantora e locutora muito conhecida em Luanda na época, disse-me que não se lembrava de nada, nem das letras das canções, porque tinha passado 30 anos a tentar esquecer tudo", referiu a escritora, adiantando que na maioria dos casos, como aconteceu com Ondina Teixeira, funcionária pública e também ela artista, as memórias que relatou estavam bem vivas porque foram os melhores tempos da sua vida, que nunca esquecerá.

Em Luanda, onde passou um mês, Ana Sofia Fonseca focou-se nas histórias da "cidade de asfalto", vidas sempre em festa, de "glamour" e alegria, mas não ignorou a dureza do dia-a-dia dos que viviam nos musseques.

Da obra, editada pela Esfera dos Livros e que hoje será apresentada, na Sociedade Portuguesa de Geografia, pelo embaixador António Monteiro, figura conhecedora da realidade angolana do antes e pós independência, a autora afirma que é um trabalho jornalístico, "uma espécie de grande reportagem, uma viagem no tempo".

"Este livro fala dos anos mais intensos do colonialismo português, que são anos tão festivos quanto violentos. São anos brutais em todos os sentidos. E fala de uma coisa que não é muito usual, que é a vida privada, o quotidiano, o dia-a-dia das pessoas. (…) conta as histórias de pessoas que são personagens de uma época", esclarece, sustentando que "falar de uma época é assumi-la, não é fazer a sua apologia".

Destaca ainda que se trata de um trabalho "sem complexos, nem saudosismos", algo que a geração a que pertence "está mais apta a fazer".

2 comentários:

Lobitanga disse...

Esta gaja bem pode começar limpar o cu ao papel que diz ser um livro, vida dura nos meceques? quando? agora? guerra? aonde. na cama dela talvez!!!Mas que sabem estas merdas sobre a realidade de Angola nos tais anos 50/60/70?

amaral disse...

"Sem comentários".Seria o comentário mais indicado para esta situação.Cidade do Asfalto?Há quantos anos é que Luanda foi asfaltada?Refiro-me a antes de 1974.Asfalto,água potável e electicidade por toda a cidade.Escolas,industria.Porque não chamar "Cidade Desenvolvida"?Saberá a escritora o significado da palavra "colonial"?.Havia colonos,em 1974,em Angola?Creio que não.Porque se houver a ideia de que havia colonialismo em Angola 1974,esse colonialismo foi tansferida para cá.A situação é muito parecida.E então o provérbio repete-se,"quanto mais me bnates,mais gosto de ti".Há demasiados novos escritores.E nem sempre escolhem o melhor tema para começarem a sua nova profissão.Um abraço.