As autoridades coloniais de Cabinda (o regime de Angola) não estão com meias medidas. Proibiram a manifestação em prol dos direitos humanos, prevista para hoje, e prenderam todos os que por lá andavam.
José Marcos Mavungo e o padre Jorge Casimiro Congo são, a partir de hoje, os mais recentes inquilinos das prisões do regime angolano que domina a colónia de Cabinda.
Para além de um fortíssimo dispositivo repressor (militares e polícias), Angola cercou e invadiu as casas dos principais activistas dos direitos humanos, procurando provas que sustentem a sentança há muito tomada pelo regime de José Eduardo dos Santos.
Até os locais de culto estão cercados. De acordo com o regime de Angola, na sua colónia e Cabinda todos são suspeitos até prova em contrário. Muitas das pessoas que apenas se limitaram a sair à rua para ver o que se passava foram detidas. A razão da força do MPLA volta a valer mais do que a força da razão dos que lutam pelos direitos humanos.
A manifestação pacífica prevista para hoje visava contestar a “detenção arbitrária” de activistas dos direitos humanos. Detenção de facto arbitrária à luz de qualquer Estado de Direito o que, convenhamos, não se aplica a Angola e muitos menos à sua colónia de Cabinda.
Desde Janeiro, estão detidos sem culpa formada e em condições execráveis um advogado, Francisco Luemba, um padre, Raul Tati, um engenheiro, Barnabé Paca Peso, dois economistas, Belchior Tati e António Panzo, um funcionário da petrolífera Cabinda Golf, Zeferino Puati, e um ex-polícia, José Benjamin Fuca.
Portugal deveria reagir. Claro que sim. É o principal responsável pelo que se passa em Cabinda. Apesar disso vai continuar de cócoras perante o regime angolano. Desde logo porque grande parte do presente de Portugal, e ainda mais do futuro, depende da Oferta Pública de Aquisição que o regime do clã Eduardo dos Santos fez sobre o reino lusitano.
Talvez reste alguma esperança em relação a uma reacção da União Europeia. Recorde-se que o padre Jorge Casimiro Congo foi ao Parlamento Europeu (Bruxelas), a convite da eurodeputada socialista Ana Gomes, partir a loiça sobre Cabinda.
Dizendo o que aprendeu com o falecido bispo do Porto, D. António (“diante de Deus, de joelhos; diante dos homens, de pé”) o padre Jorge Casimiro Congo lamentou a posição do Governo português de condenar apenas o que classificou como um ataque terrorista durante a Taça das nações Africanas (CAN), afirmando que “Portugal é o último a falar, não deve ser o primeiro a falar” .
Se as verdades ajudassem a reduzir o défice português, as que foram ditas pelo padre Congo, não só por serem históricas mas sobretudo actuais, o ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, estaria bem da vida e não haveria necessidade de nenhum Programa de Estabilidade e Crescimento... ou de austeridade.
Mas não ajudam. Desde logo porque, da Presidência de República portuguesa ao governo, passando pelo Parlamento e pelos partidos, ninguém sabe o que é, da facto e de jure, Cabinda. E os poucos que sabem não querem chatear o ditador que, a partir de Luanda, alimenta muitos dos areópagos portugueses.
“Portugal é que é o culpado do que acontece em Cabinda. Não nos aceitou, traiu-nos”, disse o padre Congo, referindo-se ao processo de descolonização de Angola que deu de mão beijada e de cócoras o poder ao MPLA e, como se isso não fosse suficiente, rasgou os acordos que tinha asumido com o povo de Cabinda.
Mas em relação à violação constante e diária dos direitos humanos em Cabinda, Portugal irá ter alguma reacção? É claro que não. Uns porque entendem (e talvez bem) que quem manda no país é cada vez mais o clã Eduardo dos Santos; outros porque entendem que se o MPLA virar a rota e passar a investir noutro lado lá vão ao charco alguns grandes negócios; outros ainda porque se estão nas tintas para a honorabilidade de um Estado de Direito.
Estado de Direito que Angola não é e que Portugal é cada vez menos.
2 comentários:
Meu caro DR.Orlando Castro, este governo de portugal depois do 25 de abril, são uns cobardes
CABINDA LIVRE
CARLOS BRANDÃO
nao ha seriedade quer no no governo portugues quer no governo angolano, e tudo um teatro mas infelizmente os actores sao os piores possiveis........
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