Instalado cenário de guerra civil

Estão criadas todas as condições para que a guerra civil tome conta do Zimbabwe a Oposição convocou uma greve geral por tempo indeterminado para exigir a publicação dos resultados das eleições Presidenciais de 29 de Março, a Polícia continua a prender políticos adversários do Governo, Robert Mugabe decidiu não comparacer à cimeira, marcada para hoje, dos países da África Austral que iria analisar a crise no Zimbabwe (onde estará, contudo, Morgan Tsvangirai, líder do MDC), e o o presidente ordenou a proibição de todas as manifestações políticas na capital, Harare.

Se a todos estes explosivos ingredientes se juntar a musculada presença dos militares afectos a Mugabe nos pontos principais da capital, bem como o estado de alerta fronteiriço decidido pelos países vizinhos, nomeadamente a África do Sul, o cenário de uma implosão no Zimbabwe ganha contornos que, de acordo com a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), poderão levar o país para uma onda de violência muito mais grave do que a que atingiu o Quénia em Dezembro do ano passado.

Fontes moçambicanas, cujo presidente, Armando Guebuza, estará hoje na cimeira da SADC, na Zâmbia, dizem que a recusa de Mugabe em estar presente, depois de ter confirmado a ida, se deve ao facto de temer que "a Oposição aproveite a sua ausência para tomar de assalto o poder".

Depois da onda de prisões contra os seus membros, o Movimento para a Mudança Democrática (MDC), que venceu as eleições parlamentares, também teme que o seu líder e virtual presidente do país, Morgan Tsvangirai, seja preso quando regressar ao Zimbabwe.

Tsvangirai esteve ontem na África do Sul em reuniões de alto nível, nomeadamente com o presidente Thabo Mbeki, e hoje é aguardado em Lusaca para a cimeira da SADC.

A África do Sul, que, tal como Moçambique, enfrenta nos últimos dias uma crescente onda de refugiados do Zimbawe, parece disposta a "tomar conta" da situação, admitindo algumas fontes que Thabo Mbeki (que ontem esteve reunido com Guebuza) irá "encostar Mugabe à parede", dando-lhe um prazo muito curto para a divulgação dos resultados eleitorais e para que diga ao mundo qual é de facto a sua posição.

Fonte: Jornal de Notícias (Portugal)/Orlando Castro