quarta-feira, abril 16, 2008

Pela “voz” da AngolaPress o MPLA garante:
- Daqui não saímos, daqui ninguém nos tira




Ninguém de bom senso tem dúvidas sobre o facto de a AngolaPress, Angop, ser uma correia de transmissão do MPLA e não a agência de notícias de Angola. Mas, pelo sim e pelo não, a própria se encarregou de dizer com todas as palavras a quem serve. O artigo, manchete de hoje, sob o título “Presidente da Unita faz campanha em Portugal com omissões nos pronunciamentos”, é a prova provada de que a Angop não está ao serviço de Angola mas apenas do MPLA.

O texto, que a seguir reproduzo “ispis verbis” é uma declaração de guerra ao estilo de Robert Mugabe ou, noutros tempos, de Adolf Hitler. Tendo o texto sido parido nos mais elevados areópagos da política do MPLA, fica claro que Eduardo dos Santos e o MPLA já têm estabelecido o slogan para as eleições, caso as haja e seja qual for o resultado: “Daqui não saímos, daqui ninguém nos tira.”

Eis o texto da AngolaPress, uma entidade que para gozar com a dignidade e inteligência dos angolanos tem a lata de dizer que “goza de autonomia e independência editorial ao abrigo da lei n° 9/75 de 15 de Setembro e da lei n° 22/91 de 15 de Junho”:

«O presidente da Unita, Isaias Samakuva, fez recentemente alguns pronunciamentos públicos em Portugal, como forma de passar uma mensagem política no âmbito da sua campanha eleitoral.

Na sua campanha portuguesa, segundo referência do Editorial da edição de hoje, quarta-feira, do Jornal de Angola, Isaías Samakuva disse aos empresários lusos que o seu partido já não destrói pontes, barragens, hospitais, escolas, edifícios públicos e outros perigosos alvos militares.

Nestas revelações, este político poderia também referenciar que está posto de parte o método “democrático” de lançar à fogueira mulheres indefesas ou adversários incautos. Mas esta parte, tanto ou mais importante que a primeira, fica para quando o seu partido entrar na refrega da campanha eleitoral.

Nesta sua ida a Portugal, deu sinais de ser um político perspicaz e com um sentido profundo da antecipação dos acontecimentos. Ele fez uma declaração à imprensa portuguesa a todos os títulos notável, que mostra bem a sua dimensão de político sagaz e inteligente.

Samakuva disse aos jornalistas que o seu partido quer diversificar a economia angolana porque, apesar de estar a crescer de forma gigantesca, “está centralizada no sector petrolífero, mas sectores como a agricultura são estratégicos, podem empregar muita gente”.

Tem toda a razão. E foi por saber desta realidade que a Unita não se distanciou até agora inequivocamente das minas que semeou nos campos agrícolas de Norte a Sul do país e provocaram milhares de mutilados entre os camponeses.

Para ilucidar a imprensa portuguesa, este político devera referir que Angola está a gastar biliões de dólares na desminagem dos campos agrícolas e só depois será possível plantar e semear, e só plantando e semeando se criam empregos e é possível produzir os alimentos que hoje o país importa.

Mas apesar desta realidade cruel, Angola já está a investir fortemente no sector da agricultura, um dos que maior crescimento regista.

Samakuva e o estado-maior da Unita quando inundaram Angola de minas terrestres, já sabiam que um dia chegaria a paz e com ela as eleições. E que na campanha eleitoral, pelos vistos já lançada por Samakuva, o seu partido havia de atirar à cara do Governo a acusação de que não manda os camponeses trabalhar nos campos de minas.

Samakuva não ficou por aqui no seu encontro com os jornalistas portugueses, que nem foram capazes de perguntar ao líder da Unita como se faria agricultura convivendo com o perigo das minas e sem infra-estruturas e equipamentos.

Ele também invectivou o Governo por manter o país fechado no litoral e não abrir as portas para o interior. Mais uma sábia declaração de quem preparou ao milímetro uma estratégia infalível, começada logo a seguir à estrondosa derrota eleitoral em 1992.

Proclamados os resultados, num ápice, apareceram com um exército clandestino e ilegal, ocuparam quase todas as capitais provinciais e impediram pela força das armas a livre circulação de pessoas e bens.

Com esta atitude, este líder político sabe que mente. Hoje o país está aberto ao interior, mas para isso foi preciso acabar com a guerra e repor tudo o que a Unita destruiu. Para reforçar a sua sábia estratégia, começou a partir pontes, barragens, pontões, postes de alta tensão, caminho-de-ferro, aeroportos e a minar estradas e trilhos.

Em Portugal, perante um grupo de jornalistas Samakuva diz que caso a UNITA ganhe as eleições, o seu governo vai “reconstruir as pontes, as vias, os aeroportos, os hospitais e as escolas”. Eis uma declaração que há muito era de esperar do líder do “Galo Negro”. Apenas peca por tardia.

Por força dos acordos firmados e da magnanimidade do Governo de Angola, a Unita escapou de pagar pesadas indemnizações pelos prejuízos causados durante mais de 30 anos.

Pelos vistos, Samakuva está agora disposto a pagar. Finalmente o seu partido, que desde a sua fundação apenas destruiu e traiu, agora está disposto a construir. Já não era sem tempo. Mas essa não tem sido a prática corrente como parceiro do Governo de Unidade e Reconciliação Nacional quando desacredita as autoridades e incita à desobediência.

A mais comovente de todas as declarações de Samakuva tem a ver com a sua preocupação com os direitos humanos. Disse ele na capital do defunto império colonial português que em Angola há detenções de jornalistas e foi encerrado em Luanda um escritório dos Direitos Humanos das Nações Unidas.

A realidade está relacionada com um jornalista condenado por crime de liberdade de imprensa, e foi cumprir pena por decisão de um tribunal. Acabou por ser libertado por força de um recurso. O tal escritório da ONU, afinal nunca teve existência legal. E Samakuva considera estes dois casos, normais em qualquer país do mundo, como atentados aos direitos humanos.

Com estas declarações, Samakuva coloca-se à margem da lei, da legitimidade democrática e dos Tribunais. No quadro encarado por si, os direitos humanos seriam impossíveis. São as reminiscências do passado a virem à tona?».

2 comentários:

Anónimo disse...

O texto aqui reproduzido e divulgado pela Angop, é um editorial do Jornal de Angola de ontem.
O facto de ter sido divulgado pela Angop, sem ser assinalda a sua proveniência revela bem que o texto faz parte de uma reacção concertada "ao mais alto nível" contra o sucesso da viagemde Isaías Samakuva a Portugal e a outros países europeus.

O desespero do Mpla e do governo angolano, começa a ser bem patente nas sucessivas "declarações de guerra" que os seus dirigentes fazem e que os seus orgãos de comunicação divulgam.

Uabalumuka
Emanuel Lopes

Anónimo disse...

O MPLA,COMECA A CARREGAR AS SUAS BATERIAS,PROCURANDO TODO O TIPO DE TRUQUES E ARTIMANHAS DIABOLICAMENTE ESQUEMATIZADAS E ARQUITECTADAS,PARA ENFRENTAR FEROZMENTE,O PROCESSO DE CAMPAHIA ELEITORAL.PARECE QUE NÂO VAI SER NADA FACIL,PARA O PARTIDO DOS CAMARADAS HABITUADOS,A TOCAREM TODO O TIPO DE MUSICA,PARA QUE ESTE POVO JÁ CANSADO E HUMILHDO,CONTINUE A DANCAR.OS TEMPOS HOJE SÂO OUTROS,TEMOS UM POVO QUE AMADURECEU E CONHECE BEM OS SEUS AMIGOS E INIMIGOS.COMO É NATURAL,O DESESPERO E PANICO TOTAL,VAI TOMANDO CONTA DE MUITOS DESSES POLÍTICOS,MINISTROS,GENERAIS E TODA A KAMBADA FIEL Á UM GOVERNO FANTOCHE... ( K.MULEMBA )